quinta-feira, 18 de julho de 2019

CASA DOS PAPÉIS-205: MENDIGO POR AMOR


MENDIGO POR AMOR

Nascido no ano de 1928 nas redondezas de DOURADO.
Em sua infância foi carente talvez pelos atos de violência que sofria do pai que sem motivo abandona a família sem noticias e nunca mais voltou.
MIGUEL e mais 4 irmãos sofriam junto com sua mãe pois precisavam trabalhar mesmo ainda crianças.
Aproximadamente no ano de 1939 mudaram-se para a fazenda São João, município de DOURADO, e, lá conheceu MARIA, uma camponesa que vinha de uma família muito humilde e ela tinha mais uma irmã e um irmão, seu pai e sua madrasta, pois perdera sua mãe em seu ultimo parto.
Após uma longa convivência entre ambas as famílias, seu irmão JOÃO iniciou namoro com MARIA.
Os dois inocentes não podiam imaginar o AMOR que MIGUEL também sentia por MARIA. E secretamente ele fitara de longe; sempre procurava estar perto silenciosamente.
E por amor e carência MIGUEL torna-se inferno de seu próprio irmão; chega o casamento ele comparece a festa somente para ver se conseguia matar JOÃO, felizmente nada acontece e mesmo após eles estarem casados, ele não parou por aí e continua a perseguir JOÃO e MARIA.
Não contendo mais esse AMOR calado em seu peito, ele se declara a MARIA que por sua vez não lhe dá esperanças, dizendo que agora já estava casada com seu irmão e gravida, essa mesma criança que seria seu sobrinho (a) e seus sonhos com ela eram impossível e assim deveria esquecer.
MIGUEL que guardava esse amor por 4 anos, agora sentia como se um punhal atravessasse seu peito.
As lagrimas rolaram em suas faces e desesperado ele foge, ficando desaparecido por 2 meses, voltando em estado lastimável e inconsequente; todavia foi enturmado na casa de recuperação em Franco da Rocha, procedência insanidade mental, que não passava de uma depressão aguda, ficou lá 2 anos aproximadamente, depois que voltou foi até a fazenda São João e não aguentando ver a felicidade de JOÃO e MARIA e seus filhos, , montou em sua égua , amarrou a potra,  e sua mudança vinha de carroça, seguindo o rumo a fazenda São Luiz, onde moraria sozinho. Lavava, cozinhava, seu juízo era perfeito e lia e escrevia normalmente.
E na casa vazia apenas alguns móveis simples e desfigurado pelo tempo, é a grande tristeza pairando no ar, mais uma queda de depressão, essa mesma que levou a se entregar a bebida tornando-se assim um alcóolatra inveterado, parou de trabalhar e passou a mendigar.
Hoje é feito uma folha no galho da árvore, que com o soprar do vento vai e vem da fazenda para cidade, da cidade para fazenda.
Ele , um homem que ocupa um papel importante na história de DOURADO.
Um história que está aí andando pelas ruas, parando pelas calçadas, um homem que amou e respeitou um único amor.
Ela (MARIA) hoje ainda visa se encontrar sem coragem de se ver frente a frente com ele pois sem querer ser é a culpada e ele não é esquecido por esta que lhe faz essa homenagem.
Essa casa vazia, apenas móveis simples e desfigurados pelo tempo e a grande tristeza pairando no ar, e em todos os cantos a solidão lhe esperando de braços abertos.
ELIANA P. BRUMASSO


MIGUEL BASQUE CARAVANTES (*1928  +03/10/1999)

Jornal "FOLHA DE DOURADO"-Nº 82-ANO II-DOURADO, 15 DE JANEIRO DE 1993
FOTO: ANDREIA VARELA
ARQUIVO-CASA DOS PAPÉIS 
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 Mendigo por amor, uma explicação
Fiquei muito chateada quando soube que diversas pessoas criticaram a homenagem que fiz com muito carinho.
E por isso minhas explicações.
A frase mendigo por amor não foi de modo algum ofensa a sua pessoa, que é muito respeitada por mim.
Peço desculpa e se eu o ofendi não foi essa a minha intenção.
Procurei apenas homenageá-lo e apenas uma palavra mal interpretada minha, foi alvo de muitas criticas.
Mas isso não é o principal.
O importante é desfazer o mal entendido.
Ele não mendiga não, por bondade das pessoas recebe muitas coisas materiais e alimentos.
Apesar das criticas gostei muito de ver o resultado da matéria.
Espero que as pessoas que criticaram aceitam também minhas desculpas.
Errar é humano e como uma pessoa sensata procurei-me corrigir.
Tudo foi uma sincera homenagem a uma das pessoas que, como eu já havia dito, faz parte da história de DOURADO.
E que se depender de mim será muito valorizado.
É claro sem mais erros de palavras.
ELIANA P. BRUMASSO
 
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Jornal " FOLHA DE DOURADO"-Nº87-ANO II-DOURADO, 12 DE FEVEREIRO DE 1993
ARQUIVO: CASA DOS PAPÉIS

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