sábado, 21 de agosto de 2021

CASA DOS PAPÉIS-297: HEBDOMADÁRIO DOURADENSE - 22


 
CORREIO DE DOURADO - Num. 4 - Anno I - DOURADO, 27 de Maio de 1926
ORGAM DO PARTIDO REPUBLICANO DE DOURADO
Director-Redactor: - MARCILIO DE ARRUDA PENTEADO

 IMPRESSÕES DE DOURADO

A minha impressão desta cidade, tão hospitaleira e boa, foi a mais lisongeira possivel.
Aliás, já tivera em S. Paulo, optimas informações de DOURADO, de modo quetrouxe na retina o quadro cheio de optimismo descripto por uma pessoa que aqui estivéra nos tormentosos tempos da revolução.
"Lá existe uma politica, dizia o meu lustre amigo, mas não se trata de politicalha de aldeia. Não ha rancor, não ha inimizades. A familia DOURADENSE conscia do seu dever, sabe muito bem fazer a devida distincção, sabe que a politica, na sua verdadeira accepção, é a arte de governar os povos e não a arma machiavelica de destruição, de odios e de vinganças mesquinhas. Não existe naquella boa cidade, donde guardo gratas recordações, aquella guerra surda, feroz e covarde, tão commum em certos lugares por onde hei transitado. Voce vae gostar de lá e lá terá muitos amigos".
Ante esta revelação, não podia eu deixar de externar o meu grande jubilo.
Palpitava por conhecer a cidade onde iria dar o inicio à minha vida publica.
Hoje, finalmente, encontro-me em plena actividade, não sem grande contentamento, pois o que ouvira é a synthese admiravel da mais pura realidade.
Os amigos se multiplicam e eu vou suavizando o amargor do meu espiunhoso cargo na affeição sincera deste povo ordeiro, criterioso, e que comprehende o seu papel no seio da collectividade.
Os dias passam e cada vez mais me identifico aqui, não sentindo, portanto, como diz o italiano, "a nosthalgia da patria lontana".
A minha posição. tão difficil, tão escabrosa, requer a mais rigorosa imparcialidade, e esta vou exercendo, pis a justiça não pode e não deve ter partidos. Mas, infelizmente, l'hombre mediocre de Ingenieros campeia por toda parte. Elle procura, com seus ares graves, simulando um talento que não tem, devassar as consciencias. Elle é o eterno advinho, o deductor de phantasias. Deixal-o passar. A sua vóz se perde no vasio. Emquanto isto, no dominio dos partidos chefiados pelos distinctos amigos e criteriosos cidadãos srs. ALFREDO DE ARAUJO e TRAJANO PENTEADO vou tendo a ventura de ampliar, a cada passo, o circulo das minhas relações que sabem, à luz da razão, comprehender a lealdade da minha attitude e o meu desejo irreprimivel de ser util ao povo desta calma e encantadora cidade de DOURADO.
JOAQUIM M. RIBEIRO
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CAMARA VELHA
Governo usurpado
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A Camara velha sempre foi de corpo e alma contra o governo: adversaria do governo do dr. Carlos de Campos, já era tambem do governo que o precedera. A revolução de Isidoro lhe fôra sympathica e a ella bateu palmas com os seus adeptos e torcedores extremados.
Quando os revoltosos tomaram Jahú, seguiu daqui da nossa cidade, e isso é publico e notório, uma lista de nomes de pessoas que deviam constituir o govereno revolucionario do general Isidoro, nesta cidade.
De Jahú os sicarios isidoristas iriam organisando expedições que tomariam as cidades visinhas e nellas empossariam o seu governo provisorio.
Em Ibitinga reuniam-se os legalistas, preparava-se lá um nucleo de resistencia. Requisitaram estes da "COMPANHIA ESTRADAS DE FERRO DO DOURADO", que para lá e para Itápolis fossem recolhias todas as locomotivas. O illustrado engenheiro que, de ha pouco, assumira o cargo de superintendente dessa estrada de ferro, o extremado legalista dr. PAIVA BARACHO previra logo a gravidade da situação.
Entre os seus subalternos perpassavam grandes correntes de ideas revolucionarias insuffladas por meia duzia de politicos despeitados, que o faziam como represalia ao governo que antes provacara a queda do seu directorio, que lhe não era digno de confiança. E, tambem, engrossavam aquellas correntes revolucionarias velhos e graduados empregados da "COMPANHIA ESTRADA DE FERRO DO DOURADO", por interesses inconfessaveis, talvez por antigas adherencias politico partidarias.
Para cumprir as ordens dos legalistas reunidos em Ibitinga envidára o dr. PAIVA BARACHO todos os esforços. Foram estes, entretanto, todos improfícuos.
Os sicarios isidoristas, na visinha cidade de Jahú, acompanhavam os seus passos, de tudo sabiam; de tudo eram informados pela récua de bandidos, que queriam a "COMPANHIA ESTRADA DE FERRO DO DOURADO" em mãos dos sicarios de Isidoro e não em poder da legalidade.
O dr. BARACHO recebera a "COMPANHIA ESTRADA DE FERRO DO DOURADO" n'uma verdadeira mixordia: um borra-botas qualquer, da mais exdruxula educação moral, na chefia de secções importantes, sem capacidade para o exercicio das suas attribuições, invadia attribuições alheias e julgava-se mais realista que o rei, não querendo obedecer ordens emanadas da superintendencia. A ignorancia de taes empregados era tão grande, chegou um delles a ponto de duvidar que o preparo de um engenheiro intelligente em materia de estradas de ferro fosse maior do que o seu. E o seu argumento era de ter 16 annos de serviços como varredor de officinas.
Conta-se que tal empregado, com a maior sem-cerimonia gabava-se de ser o unico competente para desatalar uma locomotiva. E, ficára pasmo, ao ver, pouco depois, sem a sua menor intervenção, entrar nas officinas essa locomotiva, apezar das enormes chuvas que cahiam sem treguas.
Por melhor boa vontade do illustre engenheiro, todos os seus esforços foram inuteis.
Preso em Trabijú, pelos proprios empregados da "ESTRADA DE FERRO DO DOURADO" mancommunados com os sicarios de Isidoro fôra levado a Jahú.
La estivera elle detido, esse illustrado engenheiro, que se tornou querido em toda esta zona, pelas suas altas qualidades moraes e intellectuaes; pela firmeza de suas convicções; pela franqueza dos seus actos; pelo seu grande espirito de justiça; pela modestia e fineza de tracto, e que é o bonissimo brasileiro e grande legalista dr. PAIVA BARACHO. Só com a prisão do dr. BARACHO é que a estrada de ferro fôra entregue aos revoltosos. Facto este que prova, muito eloquentemente, quanto fôra legalista o valoroso superintendente. Só depois da prisão do dr. BARACHO fôra organisada em Jahú e expedida para Ibitinga a primeira récua de sicarios isidoristas. 
Tomada como foi a cidade de Ibitinga, os sicarios, senhores da estrada de ferro DOURADENSE, voltariam as suas carabinas sobre bossa terra...
Continua
São Paulo, 24 de Maio de 1926
MARCILIO PENTEADO
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EMPRESA TELEPHONICA
Estamos informados de que varios capitalistas desta cidade com o proposito de melhor servirem os interesses desta localidade vão reunir-se para organização de uma nova empreza telephonica.
Feliz idea essa. Pois, aqui, estamos, de facto, pessimamente servidos, a despeito da baixa grande que soffreram os materiaes, que actualmente são fornecidos quasi pela metade dos preços antigos, não só por verificar-se differença no cambio - que de um tempo a esta parte fez enorme oscillação favoravel ao nosso commercio, como pela grande abundancia que ha actualmente de taes apetrechos nas parças de São Paulo e Rio.
Oxalá se realize e muito breve essa idéa, e tenhamos logo uma linha metallica, que nos permitta uma communicação facil com os nossos grandes centros. Isso será um grande progresso para DOURADO, que se tornará uma grande centro de negocios, dominando toda a zona DOURADENSE.
Com isso lucrará immensamente o commercio, que terá facilidade em realizar as suas transacções de compra e venda, como intermediario de todas as praças servidas pela linha ferrea DOURADENSE e os grandes centros comsumidores.
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JOAQUIM MORAES RIBEIRO
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PRÓ LAZAROS
Para a lista, em pról da construcção em S. Paulo deum Asylo-escola para os filhos dos lazaros, que se acha em poder da professora d. DOLORES R. PENTEADO, contribuiram mais as seguintes pessoas:
N. ALMEIDA SANTOS, 6$000; GODOFREDO A. P. E CASTRO, 5$000; EULER ROUDEMAR FARO, 5$000; DAISY R. ARAUJO, 5$000; DIRECTOR, 5$000; HILDA P. CASTRO, 3$000; FRANCISCO E. FILHO, 2$000; JOSÉ O. GONÇALVES, 2$000; MANOEL ALCARÁS, 1$600; BRAZ GALOTI, 1$000. = Somma: 40$600, Quantia já publicada: 79$000 - Total= 119$600.
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SOCIAES
A passeio
Retirou-se para Santos, acompanhado de sua exma. familia, o nosso distincto amigo dr. PAIVA BARACHO, onde pretende passar algum tempo.
Sua Excia. aguardará alli a decisão do Egregio Tribunal, afim de vir tomar posse do cargo de Vereador Municipal para o qual foi eleito por maioria de votos e que a Junta Verificadora desta cidade o expoliou em seu direito.
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ARQUIVO: CASA DOS PAPÉIS



 


       
 

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