quarta-feira, 28 de março de 2018

CASA DOS PAPÉIS-101: DR. CARLOS JOSÉ BOTELHO


UM BELO EXEMPLO DEIXADO PELO DR. CARLOS JOSÉ BOTELHO
 
Dr. Carlos José Botelho, está morto! Mas, o seu exemplo de homem publico, deixado aqui, ficou vivo, à posteridade, na voz da nossa história municipal.
Nós, Dourado aliás, possuímos o melhor Grupo Escolar construído na Estado de São Paulo. É a referencia honrosa única, de todos os visitantes, até mesmo, das próprias autoridades escolares.
Realmente. Sem elogios, é uma casa de ensino que orgulha o seu povo, dotado pelo Dr. Carlos José Botelho, quando Secretário de Estado.
Ninguém, dos nossos dias, além do informante, ligado intimamente à vida daquele médico, fazendeiro e homem público, conhece na sua realidade, a história do nosso majestoso Grupo Escolar. 
É bom conhece-la todos, ainda em resumo.
Quando na Câmara dos Deputados, de bancada oposicionista, levantou-se a voz, acusando a construção do Grupo Escolar no Município em que Dr. Carlos José Botelho era fazendeiro, respondeu ele serena e decisivamente: a verba orçamentária destinada pelo governo à minha Secretaria, é para construir oito Grupos Escolares e dentro dela, com a de Dourado, estou fazendo nove.
Esta sua justificativa, patriótica e honesta, foi água na fervura parlamentar! Ele poderia ainda responder o ataque, dizendo ao acusador, que não construía escola para seus filhos ou para os filhos de seus colonos, mas sim, para um povo que tinha o direito de ensino público.
E esse direito, respeitado, aqui está conosco.
E depois? Quando da sua candidatura vitoriosa à senatoria da República, a politica de Dourado desprestigiou-a completamente.
E daí? Senador da República, Dr. Carlos José Botelho, decepcionado com a politica de Dourado, ressentido, com suas razões incontestáveis, durante sua vida, daí em diante, como fazendeiro no Município, jamais pisou a terra da cidade.
Coisa política...A suas viagens à fazenda passaram então, com embarques e desembarques, na estação ferroviária de Ribeirão Bonito.
Estava aqui, sem alarmes, o seu protesto muito justo, embora contra a política, mas que não podia deixar de envolver o povo.
Mais tarde?
Quando o Sr. Francisco Matarazzo, de São Paulo, interessou à compra de sua fazenda para extração, concentração de matéria ou instalar indústria de porcelana no Município, desinteressada, acusou-se Dr. Carlos José Botelho, talvez por desconhecimento da causa, de contrário ao progresso de Dourado!
Não se lembrou entretanto, da ingratidão do passado, ao benemérito que se acusou de inimigo do progresso Municipal.
Mas como não "é o hábito que faz o monge", pensaria ele e com razão. O homem se impõe em seu ambiente, pelo que faz, pelo bem que realiza e não pelo que aparenta ser.
O mundo está cheio de janotas que são verdadeiros Petrônios, de elegância e afetação, mas de outra coisa não cuidam. A real elegância do sr. Dr. Carlos José Botelho, ficou na maneira de trabalhar, fugindo à afetação e aos extremos.
Ao lado desta sua história do Município, figura o Sr. Angelo Cavagnoli.
Quando desencadeou a grande crise, os Bancos fecharam seus créditos a agricultura, dos comerciantes de secos e molhados da praça. o sr. Angelo Cavagnoli, foi o único que se dispôs e sustentou financeiramente às fazendas do Dr. Carlos José Botelho, à ordem aos seus colonos, sem prazo estabelecido, até normalização daquela situação.
Ficamos no meio dessas duas correntes. É verdade, vimos e vivemos num torrão abençoado, que não trocaríamos por nenhum outro. Mas existe alguma coisa a melhorar.
Revistamo-nos, pois, do espirito construtivo e ponhamo-nos e, ação para ajudar a remover a nossa ascensão material, moral e espiritual.
Saibamos apreciar e usufruir o que recebemos e temos de bom e ao mesmo tempo, tenhamos a hombridade necessária para reconhecer, o bem feito e deixado ao nosso Município, pelo Dr. Carlos José Botelho.
Se, em vida, ele não recebeu dos nossos antepassados pagamento da dívida contraída, morto, nós pagamos-lhe a parte que nos tocou e aos nossos filhos, postumamente, com a denominação a sua obra: GRUPO ESCOLAR SENADOR CARLOS JOSÉ BOTELHO.
 
ADELINO FRANCO
JORNAL DE DOURADO-Nº96-ANO II-DOMINGO, 22 DE DEZEMBRO DE 1963
 
-§§§§§§-
 
DECRETO Nº 21.694
De 04 de Setembro de 1952
 
Dá denominação a Grupo Escolar
LUCAS NOGUEIRA GARCEZ, Governador do Estado de São Paulo, usando de suas atribuições,
DECRETA:
Artigo 1º - O Grupo Escolar de Dourado, passa a denominar-se "SENADOR CARLOS JOSÉ BOTELHO".
Artigo 2º - Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação.
Palácio do Governo do Estado de São Paulo, em 4 de Setembro de 1952.
LUCAS NOGUERIA GARCEZ
Antônio de Oliveira Costa
Publicado na Diretoria Geral da Secretaria de Estado dos Negócios do Governo, em 5 de Setembro de 1952.
Carlos Albuquerque Seiffarth - Diretor Geral, Subst.
  -.-
DIARIO OFICIAL DO ESTADO DE S. PAULO - (E.U.DO BRASIL)
NUM.202-SABADO, 6 DE SETEMBRO DE 1952-ANO 62º
-§§§§§§-


 
 
SENADOR CARLOS JOSÉ BOTELHO
Patrono do Grupo Escola de Dourado
Pálida Biografia
 
O Dr. Carlos José Botelho descende de ilustre família de fidalgos portugueses. Era bisneto do Capitão Carlos Bartholomeu de Arruda, natural de Itu e de Da. Maria Siqueira. Neto de Carlos José Botelho e de Da. Cândida Maria do Rosário. Filho de Antônio Carlos de Arruda Botelho e de sua primeira esposa, Da. Francisca Theodoro Coelho, Condes do Pinhal.
Nasceu o Dr. Carlos José de Arruda Botelho em Piracicaba, a 14 de Maio de 1984. Formou-se em medicina pela Universidade do Rio de Janeiro, indo depois aperfeiçoar-se em Paris, onde obteve brilhante diploma em Sorbonne. Em S. Paulo, foi diretor da Santa Casa de Misericórdia. Foi um grande cirurgião no seu tempo. O Dr. Benedito Montenegro foi seu assistente. Foi um dos fundadores da Sociedade de Medicina e Cirurgia e da Policlínica de S.Paulo; fundador da Sociedade Rural Brasileira e Presidente da Estrada de Ferro Norte do Mato Grosso. No Governo de Jorge Tibiriçá , de 1904 a 1908, ocupou o cargo de Secretário da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, por onde passou e muito deixou. Foi nessa época que mandou construir o nosso Grupo Escolar. Introduziu no Brasil a cultura do arroz, organizou os núcleos coloniais de Gavião Peixoto e Nova Europa. Levou as suas atividades até a Noroeste e Sorocabana, que foi aprofundando para dar a S. Paulo fartura e riqueza. Instituiu o primeiro contrato de imigração entre o Brasil e o Japão, que foi assinado em 1907 por Ryo Mizuno e Carlos José Botelho. Em 1908 entrava no porto de Santos o vapor Kasato-Maru trazendo 165 famílias, num total de 781 pessoas, era o inicio da imigração japonesa no Brasil, muito desses japoneses vieram trabalhar em sua fazenda em Dourado e muitos morreram de febre amarela. Deve-se a ele o Instituto Meteorológico. Oficializou e anexou ao Estado, a Escola Agrícola "Luiz de Queiroz" de Piracicaba, que tantos técnicos em Agricultura tem dado ao Brasil. Foi Senador por São Paulo. Em 1930, por ocasião da revolução, estava na cidade de São Carlos, de muletas devido a uma fratura em consequência de uma queda do cavalo, quando foi preso por Tenente da Ditadura e levado preso para S.Paulo. Lá chegando, o governo provisório sabendo, mandou imediatamente que o pusessem em liberdade, pedindo-lhe as devidas desculpas pelo engano e mandou que o levassem para casa em carro oficial, o que foi recusado delicadamente.
Findou-se Dr. Carlos José Botelho em Março de 1947, em sua propriedade, no Município de S. Carlos. Tera essa que o venerava, pelo muito que fez por ele, de cuja cidade foi o seu pai, o Conde do Pinhal, um dos fundadores. São Carlos perpetuou o seu nome, dando a uma das suas maiores Avenida o seu nome.
O Grupo Escolar de Dourado tem o prazer de apresentar os traços biográficos de seu Patrono por intermédio do Sr. CECILIO BALESTERO.
 
Jornal "O DOURADINHO"-Nº3-ANO I-DOURADO, OUTUBRO DE 1957.
 
 
ARQUIVO: CASA DOS PAPÉIS 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário