segunda-feira, 31 de julho de 2017

CASA DOS PAPÉIS-44: FORTUNATO JOSÉ MARTINS GUEDES




A UMA CHALEIRA VELHA
Romperam-te, afinal. Depois de quatorze anos annos de labor quotidiano que, às vezes, prolongavas, sem um queixume, até altas horas da noite, sozinha sobre a chapa do fogão, enquanto descançavam, lavadinhos e frescos, mas estantes, as caçarolas e o caldeirões, teus companheiros, venceram-te, afinal, o cansaço e o fogo. Pobre chaleira. Querem-te mãos impiedosas atirar ao lixo, destino final de tudo que envelhece. Mas estou aqui para salvar-te.
Não irás para o monturo, não.
Para os extranhos, és apenas uma velha vasilha imprestável. Para mim, porém és um pedaço do meu lar.
Nelle viveste quatorze annos de trabalhos.
Aqueceste agua em que primeiro se banharam meus filhos, que tu viste nascer. Ferveste, no teu bojo, cantando de alegria, a agua de que lhes fizeram o primeiro chá!
Nos dias alegres, quando a minha casa se enchia de amigos, eras tu quem corria ao fogão, a ferver, a agua para o café com que os obsequiava, como legítimos brasileiros, eu e elles. Nos dias amargos em que a doença se installava em meu lar, velavas o doente commigo. Eu, à sua cabeceira e tu chiando ao fogo para que fossem rápidos as compressas quentes  e os chás reanimadores. E quanta vez se misturaram então os meus soluços ao teu chiado dolorido, velha chaleira!
E assim, foste sempre a minha fiel companheira, na dor e na alegria.
Sorriste, commigo nos dias alegres e ccomigo choraste nos dias de amargura. Como atirar-te agora ao lixo, como si fôras uma simples caco velho? Não. Para mim és um pedaço do meu lar.
Não irás para o monturo.         X  
 
Jornal "A UNIÃO"-Nº176-ANNO 4-DOURADO, 26 DE MAIO DE 1935


 

sexta-feira, 28 de julho de 2017

CASA DOS PAPÉIS-43: SEVERINO MARCHI JUNIOR




FESTAS JUNINAS NO INTERIOR

"Durante o mês de julho, época em que a cidade encontra-se em festa e os moradores têm participação nos acontecimentos de modo entusiasta, demonstrando religiosidade, cooperação, participação e dedicação. A cidade comemora o seu padroeiro, São João Batista.
Todos se preparam para grandes acontecimentos que culminam no final do mês de julho, com o encerramento dos festejos.
A matriz toda iluminada, missas, procissões acontecem durante toda a programação dos festejos, contando a presença marcante da banda que, todas as noites alegra o pessoal presente na praça, com seus dobrados e marchinhas.
A alegria é geral e contagiante. Os jovens se divertem com as barraquinhas montas no largo da matriz: com tiro ao alvo, roleta de cavalinhos e sorteios dos mais variados artigos.
Na véspera do encerramento dos festejos, a cidade recebe visitantes de cidades vizinhas, parentes, compadres, filhos e amigos, todos com vinculo de parentesco com algum morador. A recepção é calorosa e os assuntos são os mais variados e, diga-se de passagem, não pode faltar o problema social das grandes metrópoles, até o sossego do interior. Alguém retruca:
- Aqui, nós dormimos com as portas e janelas abertas.
À noite, após a belíssima procissão, o povo dirige-se para a praça da matriz, para o encerramento dos festejos com a queima de fogos de artifícios, ao som da bandinha.
Aos poucos vai ficando a lembrança de mais uma festa do padroeiro e já aguardando o próximo ano, quando tudo se repete novamente."
 
SEVERINO MARCHI JUNIOR (Tito)
Trecho do livro "CAIPIRA GRAÇAS A DEUS" -2.005 -                                                                     A gente sai do mato, mas o mato não sai da gente.


 
 

quarta-feira, 26 de julho de 2017

CASA DOS PAPÉIS-42: CONGREGAÇÃO MARIANA 1934


REGULAMENTO
 DA
CONGREGAÇÃO MARIANA DE MOÇOS DA PAROCHIA
SÃO JOÃO BAPTISTA DE DOURADO
- 1934 -
 
Art. 1º - A Congregação Mariana de Moços, ficou erigida canonicamente, e sob o amparo e proteção da Imaculada Conceição de Maria e São Luiz Gonzaga, patrono da juventude, no dia 17 de Junho de 1934.
Art. 2º - O fim primário da Congregação é fomentar nos jovens o cumprimento exato dos deveres christãos: e formar aos moços segundo os princípios da religião Catholica. Tudo isto por meio d'um culto filial à Santíssima Virgem.
Art. 3º - Os moços marianos serão portanto os mais observantes, e mais escrupulosos christãos da Parochia; edificando aos fieis com o bom exemplo: na casa, na rua, na loja, no trabalho, nos lugares de um honesto esparsimento, e sobre tudo na Igreja.
Art. 4º - Os moços marianos tem obrigação de ouvir a Santa Missa às 10 horas, e assistir a Resa às 18 horas da tarde, aos Domingos e Dias Santos. Nos dias feriados si puderem devem assistir a conferencia doutrinal da noitre. Todas às quartas e sextas-feiras é obrigatória a assistência à Conferencia, e os que não puderem, deverão comparecer depois da conferencia para aprender o catecismo e ensaiar cânticos.
Art. 5º - O logar oficcial da Congregação na Igreja, é o centro da mesma, onde comparecerão com a fita na Missa e na Resa aos Domingos e dias Santos e todas as sextas-feiras. A ordem de collocação será a seguinte; os mais baixos adiante e atraz os maiores. Os membros da Directoria ficarão em ultimo termo presidindo.
Art. 6º - Todos os moços marianos confessarão e commungarão 4 vezes por anno: quinta-feira Santa; no encerramento do mez de Maio; no dia do Padroeiro e no dia da Imaculada Conceição.
O domingo mais próximo à São Luiz Gonzaga (vinte e um de Junho) será a festa da Congregação, que solennisar-se-á com Missa cantada e sermão. Outros actos ficam a critério do Vigário e da Directoria.
Art. 7º - É obrigatória a assistência dos moços com as fitas nas procissões parochiais. Irão na frente em fileiras e com muita modéstia.
Art. 8º - Todos os segundos Domingos de cada mez e às 4,30 da tarde, terá a Congregação reunião mensal na Igreja. Nestas reuniões todos os marianos terão vóz e votos: mas não os aspirantes que somente terão vóz. Será lida a acta da sessão anterior para sua aprovação se merecer; far-se-á a cobrança da quota mensal de 1$000 dos marianos e aspirantes.
Art. 9º - O hynno official da Congregação é o hynno de São Luiz Gonzaga, e o terno official será o branco.
Art. 10º - Em caso de doença d'um congregado, ficam os demais com o dever christão de visitar-lhe e consolar-lhe. Si morrer acompanharão o cadáver até o cemitério. Neste caso a Congregação mandará rezar pelo mariano fallecido uma missa com panno à que é obrigatória a assistência com fita dos congregados.
Art. 11º - A frequência dos marianos no logares de dança, cinema, botequins, bares e cantinos, não está prohibida pelo regulamento e fica encommendada ao bom critério e a piedade dos congregados. Mas prohibe-se terminantemente o jogo de azar e o uso de bebidas alcoolicas ao menos em publico.
Art. 12º - Fica prohibido gritar, pertubar a ordem publica e tudo aquillo que não seja de bom exemplo ao próximo.
DA DIRECTORIA
Art. 13º - A directoria constitui-se: pelo Vigário como Director; Presidente, Vice-Presidente, Thesoureiro, Secretário, Vice-Secretário, Zelador, Mestre-Noviço e trez conselheiros. Ainda mais terá um rapaz que será o mais novo da Congregação chamado Cobrador, auxiliar dos serviços do Thesoureiro.
Art. 14º - A renovação da Directoria far-se-á por eleição. Todos os annos será renovada a metade dos membros do conselho directivo. Esta eleição terá lugar na reunião do mez de Junho. O dia 17 do mesmo mez, anniversário da Congregação, tomarão posse os novos Membros.
Art. 15º - O Vigário é a cabeça da Congregação. Elle preside as reuniões, votações da Directoria, as votações dos Congregados; é quem decide em caso de empate. Elle vigila os actos da Directoria, e a elle compete, em ultimo termo, decidir sobre as missões, castigo, ou expulsão d'um congregado.
Art. 16º - O presidente representa a Congregação. Preside as reuniões na ausência do Vigário; tem a máxima autoridade, é o ponto de lance entre os membros da Directoria e dos congregados com o Vigário. Deve ser respeitado pelos congregados; saudados na rua como chefe da congregação e com o tratamento de (Sr. Presidente).
Art. 17º - O Vice-presidente supre todas as ausências do Presidente e auxiliar do Thesoureiro.
Art. 18º - O Secretário tem obrigação de levar o livro das listas dos Congregados; levantar e ler as actas das reuniões. Toda acta approvada será assignada pela Directoria. Este serviço será ajudado pelo Vice-Secretário si precisar.
Art. 19º - O Thesoureiro é o encarregado da administração dos interesses da Congregação, para elle levará um livro de receitas e despesas que será exposto à Congregação para a sua approvação,  na reunião do mez de Junho de cada anno. As contas aprovadas pela Congregação serão assignadas pela Directoria.
Art. 20º - O Zelador é o encarregado da vigilância dos Congregados. Quando um mariano faltar ao regulamento o Zelador avisará com toda a caridade ao delinquente e quando os avisos não forem escutados dará conta a Directoria. Esta a sua vez porá todos em conhecimento do Vigário.
Art. 21º - O Mestre noviços é o encarregado de instruir os aspirantes. A elle  deve dirigir-se quem quiser entrar na Congregação. Tem aquelle obrigação de notificar a Directoria para seu estudo e esta ao Vigário. Si depois de um estudo minucioso fosse admittido, o Mestre fallará para elle a decisão da Directoria.
Art. 22º - Os trez Conselheiros são os auxiliares do Zelador e do Mestre de Noviços na instrucção dos aspirantes e na vigilância dos Congregados.
Art. 23º - Aquelles Congregados que repetidas vezes faltarem ao regulamento, e depois estar notificado pela Directoria reincidirem novamente serão privados do uso da fita por tempo previamente marcado. Em casos verdadeiramente graves julgados taes pela Directoria serão expulsados. A interpretação autentica dos artigos deste regulamento fica reservada exclusivamente à Directoria.
O Vigário
Pe. PEDRO HERRERO 
 
O Presidente
JOSÉ P. CARDOSO
 
O Thesoureiro
CELESTINO GENNARI
 
O Secretário
DOMINGOS FAILA
 
 















1934 - O Vigário, Diretoria e Marianos da Congregação Mariana de Moços de Dourado



Sede à Rua 7 de Setembro Nº27 (hoje Residência da Ana Raquel e Clovito)



 
Exemplar de "O MARIANO" - NUM. 2 - ANNO I -
DOURADO, 22 DE NOVEMBRO DE 1934
Orgão da Congregação Mariana de Moços da Parochia de Douardo


Fotos, documentos e jornais, gentileza de Atílio Jacobucci, Arlindo Egydio Gregório e Laurindo Gennari.








































 

domingo, 9 de julho de 2017

CASA DOS PAPÉIS-41: ANDOR DE SÃO JOÃO BATISTA-1999



NÓS AMAMOS NOSSO PADROEIRO SÃO JOÃO BATISTA
1.999

VIVA SÃO JOÃO BATISTA
 
Que felizes somos em poder assistir a tão maravilhosa reunião da família douradense, que no dia 25 de julho nos encontramos para festejar nosso Padroeiro São João Batista, onde o objetivo além de outros, o maior, é esta confraternização social. Pudemos ver este evento voltas às suas origens de acordo com o tempo atual.
Quantos que largaram seus afazeres e se puseram a disposição para que tudo fosse feito para o bem comum.
Quantos turistas, pessoas que se encontram marcados pela nossa história, quantos devotos, quanta gente boa que todos os anos aqui vem para viver e agradecer esta alegria, enquanto alguns cidadãos aqui residentes, dormem e deixam a vida passar, esta cidade precisa de todos os moradores para que possa crescer em todos os sentidos. Agradeço a Deus por esta oportunidade que ele nos deu. A aqueles que trabalharam na festa de algum modo, aos douradenses que moram em outras localidades e aqui estiveram, os turistas que sempre comparecem, a Banda que faz nossa alegria com seus músicos dedicados, devotos que embelezam a procissão com seus lindos andores, os barraqueiros todos os anos presentes, etc. Particularmente, venho por meio desta coluna, agradecer a todos que se empenharam para que pudéssemos fechar com chave de ouro estes festejos e final de século. Foram todos os que trabalharam para que o Carro Andor do Padroeiro percorresse mais uma vez as ruas de nossa cidade com a imagem original que só sairá do seu habitat no próximo século em datas
especiais, pois ela está atravessando mais de um século de existência, e como consta na nossa história, na fundação da cidade ela já estava abençoando nossos antepassados.
Agradeço a meus familiares, aos amigos, devotos, e ao casal Benedito João Garcia e Luzia Perez Garcia e o filhos que aceitaram os meus incentivos e assumiram este grande desafio. Em nome de todos, pedimos desculpas pela simplicidade do carro, mas foi feito com muito amor, onde foi possível ser observado tudo isso que dissemos pela sua beleza, onde vimos nossos dois grandes amores: Dourado, Cidade Coração, hoje Centro Turístico e o grande Padroeiro São João Batista. 
Que Deus abençoe a todos, GUDO
Rua 7 Setembro: Andor de São João Batista em frente as residências do Gudo e da Família Dito e Luzia Garcia, seus idealizadores, para mais uma procissão em seu louvor.

Com a faixa as Sras. Aguida Silvani Bertuccez, Inês Camargo , e Joana Sanches Fazzio.
Na calçada à esquerda: Francisco Fazzio, Sidney Alves(Chelo) e Dulver Tavano.
 
 
 
Na Praça São João, recebendo o carinho de seus fiéis devotos
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
FOTOS E TEXTO: WILSON APARECIDO DICTORO (GUDO)
 
Jornal "O DOURADO"- Nº83-ANO III-DOURADO, 20 DE AGOSTO DE 1.999