quinta-feira, 12 de outubro de 2023

CASA DOS PAPÉIS-340: O MOVIMENTO CONSTITUCIONALISTA-1932


 
O MOVIMENTO CONSTITUCIONALISTA
- REGOSIJO POPULAR - PARTIDA DE RESERVISTAS E VOLUNTARIOS - 
- CARAVANA CHEFIADA PELO DR. TRAJANO MACHADO -
- AS PROVIDENCIAS DO GOVERNO MUNICIPAL - OUTRAS NOTAS

Não arrefeceu nesta cidade, antes ganhou intensidade o enthusiasmo do povo, que acompanha, grandemente interessado, a marcha dos acontecimentos desencadeados pela REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA. Numa successão empolgante, o patriotismo paulista, nestes ultimos dias, tem dado mostras da sua magnitude, em gestos e attitudes condizentes com a elevação  da causa em debate.
Ninguem foge ao cumprimento do dever; o povo identificado com o motivo nobre da arrancada paulista vem collaborando fervorosamente com as forças dirigentes do municipio. Ao contemplar tanta dedicação, tanta expansão sincera e fremente, o coração de todos que amam São Paulo sente-se orgulhoso, confortado de tanta bravura, de tanto desprendimento, de tanto sacrificio.
CONTINGENTES PARA A ZONA DE OPERAÇÕES
A's primeiras noticias de mobilização, desta cidade, seguiram para São Paulo os srs. dr. ALEXANDRE COCOCI e HERCULANO DE ANDRADE. Desvanecidamente registramos essa attitude dos nossos dignos patricios, porquanto foram elles os primeiros a se incorporarem nas fileiras constitucionalistas.
Em seguida sob os auspícios da Prefeitura Municipal, em cujo posto o sr. dr. BORJA CARDOSO se vem destacando brilhantemente pelo acerto das medidas e ordens emanadas das autoridades superiores, partiu o primeiro contingente de voluntários srs. FRANCISCO DA CRUZ PRATES, FRANCISCO RIBEIRO DA COSTA, MAXIMILIANO DA SILVA, QUINTILIANO RODRIGUES, JOSÉ BENEDICTO MOREIRA, SEBASTIÃO PEREIRA, MIGUEL BRUNATI, JACYNTHO ERNESTO, ALVARO C. ANDRADE, GERALDO FERREIRA, JOSÉ PIRES DA SILVA, TRAJANO PEREIRA DA SILVA, JOÃO DIAS, JOSÉ A. DE SOUZA e JOÃO CRIVELARI.
A despedida desta primeira caravana de bravos cumulou numa grande explosão de regosijo popular.
A' hora do embarque grande multidão cercou os voluntários. Concorriam para a imponencia do préstito patriótico a bandeira nacional e o pavilhão paulista desfraldados à frente, seguido de toda POPULAÇÃO DOURADENSE. Na estação local, a BANDA MUNICIPAL sob a competente regencia do maestro JOÃO ZANETTI, executou diversas marchas alusivas ao acto. Occupando a attenção da enorme assistencia os srs. MANOEL J. RÊLLO DE ARAUJO  e o nosso redactor sr. JOSÉ R. DO PRADO, saudando, entre calorosos applausos, a primeira caravana de voluntários, que partia em demanda dos centros de preparação militar.
Ambos oradores mereceram enthusiastica acclamação da innumeravel grey humana que desbordava todas as dependencias da estação.
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Com identico destino seguiram os acatados fazendeiros, neste município, srs. JOSÉ DE ABREU IZIQUE e ELZO CINTRA, que não só levando à causa constitucional o valioso concurso pessoal, ainda muniram e transportaram para São Paulo com caminhão completo de viveres para as forças em operações.
Folgamos em consignar em nossa modesta folha mais esse serviço prestado por esses dois estimados fazendeiros à defesa das aspirações paulistas.
Damos a seguir a relação desses viveres doados pelo nosso commercio, attendendo ao pedido dos srs. JOSÉ IZIQUE e NAGIB MAUSAUER: ONOFRE PENTEADO, 1 sacco de arroz; JOSÉ A. PENTEADO, 1 sacco de arroz;  FELLIPE HOMCE, 1 sacco de arroz; FRANCISCO GULLA, 1 sacco de arroz; PAULO FADUL, 1 sacco de feijão; SALVADOR ZAMBRANO, 1 sacco de feijão; JOSÉ IZIQUE JUNIOR, 1 sacco de feijão; ELIAS CHAMAS, 1 sacco de feijão; JOÃO MUNHOZ, 1 sacco de feijão; JOÃO COLAGROSSI, 1 sacco de feijão; JOÃO LOZANO, 1 sacco de feijão; ANTONIO ORTEGA, 1 sacco de feijão; AMADEU PEDRESCHI; 1 lata de banha de 5K; ATTILIO GENNARI, 1 lata de banha de 5K; CAMILLO ODORISSIO, 1 lata de banha de 2K; PASCHOAL COLAGROSSI, 1 lata de banha de 2K; e  AUGUSTO FERNANDES, 1 lata de banha de 2K.
CARAVANA CIVICA
Segunda-feira, às 5 horas da tarde, chegou a esta cidade a CARAVANA CIVICA, que anda percorrendo o interior do Estado em propaganda dos ideaes revolucionarios paulistas.
Essa caravana constituída dos srs. drs. TRAJANO MACHADO, e CEZAR COSTA  e dos academicos ARUAL DOS SANTOS, WALDOMIRO DELBONI, ALCIDES CYRILLO e VIRGILIO BERGMAN FILHO.
A's 6 horas da tarde, seguiu essa Caravana, do Paço Municipal por solicitação do exmo. dr. Prefeito, para o largo da Matriz, acompanhada das autoridades locaes, representantes da Frente Unica, imprensa, da banda Municipal e de grande massa popular.
O largo coalhou-se de gente para ouvir os pregoeiros da liberdade.
No coreto do jardim, apresentou os oradores, ao povo, o pharm. MANOEL RELLO DE ARAUJO, a pedido do incançavel dr. prefeito municipal. Falou, em primeiro lugar, o dr. TRAJANO MACHADO, figura de grande destaque na politica paulista, onde foi eleito, por diversas vezes, deputado ao Congresso Estadual. Sua Excia., com brilho inexcedível, com palavras vibrantes de patriotismo, concitou os jovens DOURADENSES a se incorporarem aos batalhões patrioticos para defesa de nosso torrão natal. Em seguida, o doutorando VIRGILIO BERGMANFILHO, num primoroso discurso, tambem falou ewm defesa da santa causa que empolga a alma do povo paulista. Da Caravana falou, por ultimo, o academico ARUAL SANTOS, eloquente orador, que trouxe o povo, por alguns minutos, cheio de ardor civico e de enthusiasmo por suas palavras, que faziam lembrar, os tempos remotos em que Demosthenes pontificava às massas.
Devido a insistentes pedidos da multidão, que sempre ouve com agrado e enthusiasmo as suas orações, assomou à tribuna a figura sympathica e popular do nosso amigo, dr. DOMINGOS FARO, que, num discurso arrebatador e cheio de ensinamentos civicos, encerrou essa serie de discursos.
O povo, em delirio, ovacionava os oradores, São Paulo, o Brasil, e o dr. BORJA CARDOSO, nosso prefeito municipal.
A PARTIDA DE NOVOS VOLUNTARIOS
A's 7,30, o povo novamente reunido em massa e precedido pela BANDA MUNICIPAL, se dirirgiu à estação local, onde ia render homenagens e fazer suas despedidas aos bravos rapazes JORGE DIAS AGUIAR, ADALBERTO MELLO OLIVEIRA e ARNALDO MELO OLIVEIRA, que iam tambem prestar o seu concurso à grande causa que S. Paulo está empenhado.
Em poucos minutos, a estação não comportava mais ninguem e bem assim, na immediações, a massa popular era enorme.
Foi verdadeiramente empolgante a partida desse bravos. Todos os corações vibravam de enthusiasmo, e si lagrimas houve, foi não somente por vermos os que seguiam, como, tambem, pela commoção de sabermos que dentro do coração de cada um só havia este bello sentimento patriotico:
- TUDO POR SÃO PAULO! TUDO PELO BRASIL!
Usou da palavra em nome do governo municipal e do povo DOURADENSE o distincto advogado dr. DOMINGOS FARO, que, num arrebatador e emocionante discurso, fez as despedidas aos que partiam, tendo ainda enaltecido o valor da mulher brasileira, pelos seus feitos brilhantes de coragem e abnegação.
O orador foi vivamente applaudido ao terminar a sua brilhante oração, sendo levantado muitos vivas a S. Paulo, ao Brasil e ao dr. BORJA CARDOSO, nosso incançavel prefeito que tudo tem feito com enthusiasmo pala causa de S. Paulo.
Em seguida, a senhorinha CECILIA P. SOUZA, num bello gesto entregou uma linda caixa com presentes aos soldados de DOURADO que partiam.
Poucos momentos antes do signal de partida, o sr. dr. WALDERICO VÉRAS, dedicado e estimado superintendente da C. D. num rasgo de enthusiasmo pela grande causa paulista, determinou que fosse o trem posto à disposição daqueles que quizessem acompanhar até TRABIJÚ, os voluntarios DOURADENSES.
Assim pois, debaixo de grande alegria partiu o trem com a BANDA MUNICIPAL e muitas pessoas, denter as quaes pudemos notar as seguintes: Dr. BORJA CARDOSO, prefeito municipal; BENEDICTO DE OLIVEIRA, JOSÉ PLACERES, GASTÃO DE ABREU e LEONARDO RUSSO, altos funccionarios da C. D., pharmaceutico MANOEL J. RÊLLO DE ARAUJO, JOSÉ DE MELLO OLIVEIRA, ANTONIO TANNURI, JOSÉ PERRONI e NESTOR AZEVEDO, representando esta folha.
Todo o trajecto de DOURADO a TRABIJÚ, foi feito em meio da maior alegria e enthusiasmo.
Em TRABIJÚ, o pharmaceutico sr. MANOEL J. RÊLLO DE ARAUJO, pronunciou vibrante discurso de despedida, sendo por essa occasião levantados muitos enthusiasticos vivas.
Sempe debaixo do mesmo enthusiasmo deu-se o regresso da commissão a esta cidade onde chegou às 10 horas.
MAIS VOLUNTARIOS
Com o mesmo enthusiasmo das primeiras partidas de voluntarios que desta cidade foram prestar o seu concurso pela grande causa de S. Paulo, deu-se na quinta-feira ultima, pelo trem das 2,15, a partida dos mais seguintes voluntarios: CICERO VIEIRA DE MATTOS, BENEDICTO MODESTO DE ABREU, LUIZ MENEGHELLI, CONSTANTINO CHUEIRE, CELSO ARRUDA PENTEADO, VERCINGETORIX DE CASTRO GARMS, ANGELO MARCONI, HONORATO VANNUCHI, OLYMPIO CORREA SOARES, CEZAR GUEDES, ANTONIO PESCUMO, JOSÉ LOZANO DE ARAUJO, LEONARDO COLAGROSSI e GUMERCINDO MODESTO DE ABREU.
Compareceu à estação, além da BANDA MUNICIPAL, grande numero de pessoas, tendo os srs. pharmaceutico MANOEL RÊLLO DE ARAUJO e ARLINDO SOARES DE AZEVEDO, pronunciado vibrantes discursos de despedidas, sendo por essa occasião levantados muitos vivas a S. Paulo e ao Brasil.
DONATIVOS PARA OS SOLDADOS PAULISTAS
A commissão abaixo, tendo a frente o dr. Prefeito Municipal, fez distribuir no município, um manifesto concitando a todos para que contribuam nas respectivas listas, com donativos para os soldados paulistas.
A COMMISSÃO - Dr. BORJA CARDOSO, CECILIA B. PEREIRA SOUZA, ANNA CANDIDA, CLEMENI OLIVEIRA CEZAR, JULIETA PRADO, LISENOR S. FRANCO, HERCILIA S. FRANCO, AZALIA S. FRANCO, ZENAIDE BACELLAR, ALICE NEMES e ZILDA CHUEIRI.
Não nos enganamos ao lançar nosso appelo aos habitantes do município de DOURADO, visando obter auxilios de qualquer natureza para os intrepidos soldados da Constituição.
Tres listas confiadas as esforçadas e distinctas senhorinhas CECILIA PEREIRA DE SOUSA e ANNA CANDIDA, entre a população rural, mereceu estrondosa acceitação.
Tambem, a lista entregue às não menos esforçadas e distinctas senhorinhas LISENOR FRANCO, JULIETA PRADO, ZENAIDE BACELLAR, HERCILIA FRANCO, ALICE NEMES e CLEMENI OLIVEIRA CESAR, no sector urbano, foi por todas honrada com o melhor apoio.
A Prefeitura Municipal de DOURADO, sob cujos auspicios, teve inicio esse trabalho patriotico, não pode deixar em silencioa a dedicação, a grandesa que o gesto abnegado de todas essas patricias, na hora presente, representa para a cruzada paulista.
A Prefeitura Municipal agradece penhoradissima essa preciosa collaboração e protesta sua estima a todos que receberam a selecta caravana de moças que percorreu o municipio de DOURADO, em beneficio dos combatentes paulistas.
CLUBE ESPORTIVO FERROVIARIO DOURADENSE
O sr. BENEDICTO DE OLIVEIRA digno presidente do C. E. F. DOURADENSE, em face do movimento constitucionalista que empolga S. Paulo, fez o seguinte comunicado aos srs. socios:
A V I S O 
Communico aos srs. associados do C. E. F. DOURADENSE, que, diante do momento historico e de luctas em que SÃO PAULO se empenhou para a constitucionalisação do BRASIL - o CLUBE E. F. DOURADENSE suspende todos os seus jogos já entabolados e por entabolar, considerando que, o momento não é de diversões e sim de actos de cooperação e conforto ao emprehendimento que está empolgando todos os PAULISTAS e que repreenta a aspiração do povo Brasileiro.
Outrosim, concita a todos os FERROVIARIOS da C. D. e associados do clube, manterem-se unidos e firmes envolta do ideal que presidiu a fundação do Clube e a prestigiarem com mais ardoroso devotamento, mesmo com sacrificio de vida e sangur, o que se impuzer que seja feito em pról  de SÃO PAULO, pela sua honra e pela honra de todos os PAULISTAS.
Os srs. Directores Esportivo deverão determinar treinos de futebol, com o duplo fim, de distração dos jogadores ferroviarios e renovação de suas energias phisica para dispendio por SÃO PAULO, na hora em que isso fôr necessario. 
Pela Directoria do C. E. F. D.
BENEDICTO DE OLIVEIRA
Presidente 
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CLUBE U. OPERARIO
 Por determinação do sr. LEONARDO RUSSO, esforçado presidente deste Clube, ficou resolvido suspender as soirées dansantes na séde do Clube, emquanto perdurar o movimento constitucionalista.
CAMPO DE AVIAÇÃO
Já se acha prompto, graças a actividade desenvolvida pelo incançavel prefeito municipal, o campo mandado construir por ordem superior, para aterrisagem de aviões a serviço de S. Paulo.
COMPANHIA DOURADENSE
O sr. dr. WALDERICO VÉRAS, digno e estimado superintendente da C. D., baixou uma circular ao pessoal da ESTRADA, referente à licença para o serviço no exercito da Constituição.
Por essa circular, a direcção da C. D. tendo em mira a grandeza de S. Paulo e de sua nobre causa, concede aos seus empregados que se incorporarem nos batalhões patrioticos, a respectiva licença com vencimentos integraes e seus logares garantidos.
Muito bem.
COMMISSÃO DO M.M.D.C. EM DOURADO
A commissão do M.M.D.C., em DOURADO, a cargo dos srs. TRAJANO PENTEADO, ARLINDO S. DE AZEVEDO, JOSÉ CLAUDINO GIL e VICENTE DE SALVO, avisa ao publico que, nas horas regulamentares, se encontram em uma sala do Paço Municipal desta cidade, para proceder a inscripção de novos voluntarios para os batalhões paulistas.
UMA NOBRE INICIATIVA
Neste momento em que palpita no coração de todo brasileiro, e principalmente dos paulistas, o magestoso hymno do patriotismo pela causa em que S. Paulo se empenhou para desaffrontar a sua honra e pela constitucionalização do Brasil, nasceu na alma dos ferroviarios DOURADENSES a louvavel ideia de collaborarem com um auxilio à altura de suas posses, para amenizar as agruras do desconforto por que passam seus irmãos que nas trincheiras do "Front" paulista, batalham pela victoria daquelles dignos ideaes.
E assim, realizaram às 21 horas do dia 21 do corrente, na séde do C.E.F.DOURADENSE, uma reunião em que estiveram presentes os Chefes do serviço e Encarregados de todas as secções da COMPANHIA ESTRADA DE FERRO DO DOURADO, e o Sr. Superintendente, Dr. WALDERICO VÉRAS, para deliberarem sobre aquella honrosa iniciativa. 
Por essa reunião foram nomeados os Srs. GAUDENCIO DEL CIEL, DOMINGOS FRONTEIRA, ARISTIDES RIBEIRO, DOMINGOS PIZANI e LEONARDO RUSSO, constituindo a commissão que sahirá nestes dias, de auto - linha, percorrendo todas as estações e demais dependencias da ESTRADA para angariar assignaturas de todos os seus collegas que se queiram associar àquelle emprehendimento, subscrevendo um dia de seus vencimentos.
Louvemos pois, o gésto de elevado patriotismo dos FERROVIARIOS DOURADENSES.
ULTIMA HORA
Conforme officio de 19 do corrente, expedido pelo comando do Batalhão Liberdade, com sede em S. Paulo, aos sr. dr. Prefeito Municipal, todos voluntarios encaminhados pela Prefeitura local, já foram acceitos. Talvez a estas horas já estejam nas linhas de fogo, porquanto o Batalhão da Liberdade já partiu para o seu destino.
Esperamos que os bons fados propiciem a ventura de ainda receber de volta, com a mesma expansão de jubilo da ida, os valorosos conterraneos.
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Telegramma de hontem ao sr. dr. Prefeito Municipal, pelo Director do Departamento da A. Municipal, confia à sua unica responsabilidade pessoal e funccional a faculdade de nomear commissão e receber donativos para os combatentes paulistas.
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Officio n.32 - M.72-P.1467, de 20 de Julho do corrente anno, do Departamento de Administração Municipal, approva o acto n.2 desta Prefeitura, referente ao fechamento do commercio às 19 horas nos dias uteis e 16 horas nos domingos e feriados.
E este dispositivo entra hoje em execução, conforme foi decretado em 4 de Maio de 1932
Prefeitura Municipal de DOURADO
DONATIVOS PARA O SOLDADO PAULISTA
Entre os innumeros donativos conseguidos pel commissão de senhorinhas desta cidade, em beneficio dos combatentes paulistas, contam-e os seguintes:
10 bois, pelo sr. ADOLPHO MANOEL ALVES; 3 cavallos de raça, pelo sr. SEBASTIÃO MALHEIROS; 10 saccos de café, pela sra. d. ANTONIA DE BARROS; 1 carneiro, pelo sr. OSCAR BARBOSA.
COMMISSÃO PRÓ SOLDADO PAULISTA
Em vista da exoneração do snr. Prefeito Municipal, dr. FRANCISCO BORJA CARDOSO, a commissão encarregada de angariar donativos para os soldado paulista, composta pelas senhorinhas CECILIA PEREIRA DE SOUSA, ANNA CANDIDA, JULIETA PRADO, ZILDA CHUEIRI, ZENAIDE BACELLAR, AZALIA S. FRANCO, HERCILIA S. FRANCO, LISENOR S. FRANCO, solidarias com o sr. Prefeito Municipal, deixaram as funcções que vinham occupando.
(Nota do Blog: Por ato do Governador Pedro de Toledo, em 22/07/1932, o Dr. Francisco Borja Cardoso foi exonerado do cargo de Prefeito, e, na mesma data foi nomeado Arlindo Soares de Azevedo). 
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SOCIAES
LAR EM FESTA
Acha-se em festa, desde o dia 7 do corrente, o lar do nosso director NESTOR DE AZEVEDO e sua sra. d. ANNA ALVES DE AZEVEDO, com o feliz nascimento de um robusto menino, que, na pia baptismal vae receber o nome de JOSÉ NARCIZO.(Nosso saudoso amigo "ZÉ DA ANA).
Parabens.
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Srs. Alfaiates - Aviamentos?
CASA FADUL
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MOVIMENTO CONSTITUCIONALISTA
BAILE PRÓ SOLDADO PAULISTA
Por um lamentavel descuido em a noticia sobre o baile pró - soldado paulista realisado pelos associados do CLUBE UNIÃO OPERARIO, deixamos de accentuar, com todo o merecimento de que são dignos, os valiosos serviços prestados pelas genti senhorinhas: MERCEDES FATTORI, NOEMIA RUSSO, NADIR GRATÃO e LUCIA SCIARRETTA, às quaes se deve todo o brilhantismo e o resultado compensador do baile.
Foi tambem omittido o valioso concurso do excellente JAZZ-BAND DOURADO, que gentilmente contribuiu para o fim colimado.
OURO PARA A VICTORIA DE S. PAULO
O enthusiasmo de inicio que a Commissão de DOURADO encontrou a lançar a Campanha do Ouro para a Victoria de S. Paulo continua a cercar essa eloquente iniciativa, o que nos offerece opportunidade de registrar mais os seguintes donativos:
LAMARTINE DE BARROS MACHADO, 1 medalha de ouro com 2 cores e 2 anéis de ouro, pesando 6,50grs. e 1 caneta de ouro; JOSÉ DE SOUSA OLIVEIRA, 1 alfinete para collarinho, 1 brinco e 1 argolinha de ouro, pesando 2,40grs.; MARIA DO CARMO M. OLIVEIRA, 1 oculos com aro de ouro; JOSÉ DE ABREU IZIQUE JUNIOR e SENHORA, 2 pulseiras, 1 relogio pulseira, 1 lapiseira, 1 anel, 1 par de abotoaduras, trez correntinhas, 1 medalha, trez cartões, 1 aro e 1 presilha, tudo de ouro pesando 41 e meia grs.; 1 pulseira e 2 moedas de prata pesando 34 grs., platina 0,4 quatro decigramas.; PEDRO MANGINI, 5 pedaços de ouro velho pesando 8 grs.;  PASCHOA NEGRI, 3 moedas de prata antigas pesando 60 grs.; LEONILDO TRUZZI 3 pedaços de ouro pesando 5,60 grs., 2 pedaços de prata pesando 4,50grs.; CARLOS EDUARDO, 2 allianças, 2 aros e 1 alfinete e 1 pedaço de ouro, pesando 15grs.; JOÃO SIMONI e SENHORA, 2 anéis de ouro pesando 3,50grs. e 1 par de brincos de ouro pesando 5,50grs.APPARECIDA SIMONI, 1 pulseira de prata, pesando 14,50grs., 1 cruz de ouro pesando 20 grs.; NATALINA GULLA SIMONI, 1 colar de ouro pesando 4,50grs.; SAVERIO SIMONI, 3 botões de ouro, pesando 1,70 grs.; 2 moedas de prata, pesando 25 grs.; FORTUNATO MARTINS GUEDES, 4 moedas de prata antigas com 50 grs.; JOÃO COLAGROSSI, 1 corrente de ouro com 1 medalha, 1 anel de ouro com uma pedra verde, 1 brinco e pedaços de ouro pesando 36 grs.; 1 relogioa Aurea de prata e 11 moedas antigas de nikel e cobre; INNOCENCIO CARDOSO DOS SANTOS, 1 anel e 1 pedaço de ouro pesando 5,0 grs.; HELENA NUCCI, 1 broche de ouro, pesando 3,0grs.; CECILIO B. MARTINS, 1 anel de ouro com 1,0gr. e 4 moedas de prata antigas com 36 grs.; ANTONIO CARLOS DE ARRUDA BOTELHO, 1 abotoadura que pertenceu ao Ex. Conde do Pinhal com 8 grs. de ouro.; FELIX VANNUCHI, 7 moedas de prata antigas pesando 56 grs.; ALZIRA GENNARI e JACYNTO MORALLES, 2 anéis de ouro com monogramas, com 5,05 grs.; MARIA GROBA e FAMILIA, 2 pares de brinco de ouro com 7,5 grs., 2 anéis e 1 alliança de ouro com 4,0grs., 12 moedas de prata antigas com 120,0grs.; DOMINGOS JACOBUCCI, 42 moedas antigas de cobre e nikel; D.CEZIRA FANTINI, 2 moedas de prata antigas pesando 40 grs.; SENHORITA AMELIA CHAMAS, 3 moedas de prata antigas pesando 60 grs.; Menino KALIL CHAMAS, 1 anel de ouro monograma com 1,50grs.; e Menino JAMIL PEDRO 1 moeda de prata pesando 5 grammas.  
COMMISSÃO DE ASSISTENCIA ÀS FAMILIAS DOS COMBATENTES
Dado a nós é o prazer de registrar, hoje, mais os seguintes donativos feitos a essa Commissão, que se destinam à subsistência das familias necessitadas dos combatentes deste municipio.
EM DINHEIRO
Importancia já publicada, 95.000; JOSÉ PANZA, 5.000; LEONTINA BRAGA BUZZÁ, 5.000; EULER FARO, 10.000; GLAUCO SAMPAIO MACIEL, 5.000; JULIA MALHEIROS, 20.000; JOSÉ DE SOUSA OLIVEIRA, 10.000; ODETTE P. MALTA, 10.000; e ANTONIA BARROS, 20.000. SOMMA=R$180.000
EM MERCADORIAS
LEONOR DE OLIVEIRA BUZZÁ, 3 dzs. de ovos e 10 lts. feijão; ALICE BARRETO IZIQUE, 2 dzs. de ovos, 1 lata de banha, restea de alhos, batatinhas, carás, batata doce, mandioca, feijão, sabão e uma carroça de lenha; NADYR MARCONDES PENTEADO, 20 lts. de fubá e 2 dzs. de ovos; ALICE AUGUSTA MIRANDA,3 kls. de assucar; JOÃO SILVEIRA BARROS, meio s. de arroz em casca e e 20 lts. de feijão; ADOLPHO M. ALVES, 1 porco gordo; ANTONIO CARLOS DE ARRUDA BOTELHO, 10 s. de café beneficiado; LAURA C. PENTEADO, 1 s. de arroz; e MYGIA RODRIGUES MARTINS, 1 s. de arroz.
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HOMENAGEANDO O MEU BERÇO NATAL
Quando se iniciou em São Paulo o movimento constitucionalista, eu exultei porque, como paulista que sou, e acompanhando todas phases de opprobios e humilhações, por que tem pasado o nosso glorioso Estado, desde Outubro de 1930, não podia deixar de soffrer indignada como os meus concidadãos, todas as injustiças e affrontas que a dictadura nos tem infligido.
O paulista é prudente e laborioso, mas de indole altiva, jamais viverá como escravo, e é por isso que hoje todos se levantam como um só homem , para a lucta gloriosa da reconquista do Direito e da Justiça.
Quasi já 2 mezes, que o povo paulista vibra de amor sagrado, pela sua terra, dando o exemplo mais bello e mais sublime , de heroismo e de desprendimento, não só ao Brasil, quiçá ao mundo inteiro.
E eu, que tenho acompanhado com carinho, com ansia o succeder dos dias as batalhas, embora, tenha sempre vivido no estreito ambiente do meu lar apenas para a minha familia, porque tenho genio avesso às cousas mundanas, não posso agora, neste momento calar os meus sentimentos patrioticos.
Deus, Patria e humanidade! Para Deus quizera conservar a minh'alma pura como a dos seus anjos, mas, mesmo imperfeita, à Elle pertence. Para a Patria, e para o bem dos meu semelhantes, como o movimento actual, si fosse homem já teria dado o meu apoio incondicional, mas sou casada e tenho filhos menores, e a cadeia do meu estado impede-me de prestar qualquer serviço, fóra do meu lar, mas mesmo assim, sinto no meu peito pulsar o coração, em ardente e elevado amor por minha Patria, e por meu Estado natal.
Elle se manifesta, se expande a todo momento.
Não leio um jornal, que traga noticias da nossa causa, sem que não sinta os meus olhos marejarem-se de lagrimas.
Não assisto à uma santa missa, durante a qual, óro fervorosamente, pelo feliz exitodas nossas tropas, sem que não me succeda o mesmo.
Com interesse, como se fosse de um parente, onde um irmão, ou mesmo de um filho querido, acompanho as correspondencias <<Vozes das trincheiras>>.
Ao ler a campanha do ouro para a victoria, o meu enthusiasmo cresce, e sinto a grandeza da alma dos paulistas e de todosque moram nesta previlegiada terra, e mais que tudo admiro a sublimidade do seu gesto, batendo-se não para o bem e felicidade só do nosso Estado, mas, para o bem e felicidade de todos os brasileiros.
Terra de Andrada! Terra de heróes! S. Paulo, o teu destino é bello, é nobre, é sublime, porque, o teu solo fecundo será novamente o berço da Liberdade; porque, com o sangue generoso dos teus heroicos filhos, comprarás a redempção de todos os brasileiros.
Deus ama a justiça e à todos que têm sêde d'ella, portanto nós que batalhamos por ella, seremos victoriosos com as suas bençãos. Aqui fica a humilde homenagem, da mais humilde filha, deste torrão bendito, à sua grande formosa e gloriosa Patria.
Viva o intrepido e glorioso S. Paulo!
Viva o Brasil, feliz, por ter um filho como S. Paulo!
DOURADO, 2 - 9 - 1932
RONOEL ARIEVILO AZUB
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PREFEITURA MUNICIPAL DE DOURADO
Edital sobre venda e transporte de mercadorias
ARLINDO SOARES DE AZEVEDO, Prefeito Municipal de DOURADO, em cumprimento a determinação do Departamento  Administração Municipal:
Faz saber que referendando deliberações anteriores, fica expressamente prohibida a saida para fóra do municipio, seja qual for o meio de transporte, de mercadorias de primeira necessidade, sem a licença previa  desta Prefeitura.
Outrosim, faz saber que, aos snrs. commerciantes desta praça só será permittida a venda de mercadorias a retalho.
Aos infractores das presentes disposições será applicada a penalidade de apprehensão das mercadorias negociadas e na reincidencia multa de 200$000 a 500$000.
DOURADO, 9 de Setembro de 1932
ARLINDO SOARES DE AZEVEDO
Prefeito
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LIGAÇÃO DE LUZ NA MATRIZ
Por iniciativa da sra. d. MARIA NAMI DE CAMARGO, foi feita uma subscripção com o fim de se obter a importancia precisa para a ligação de luz na MATRIZ desta cidade, serviço esse que já foi feito.
A seguir publicamos os nomes das pessoas que concorreram para o referido fim: AMELIA HOMCE, 5$; ROSA BRIGUENTE, 1$500; PAULO FADUL, 3$; MARIA DE LUCCA, 5$; CONCEIÇÃO PINHANELLI, 2$; IRACEMA VANNUCHI, 1$; LEIDE PEDRESCHI, 1$; ANTONIO ORTEGA,2$; ANTONIO TANNURI, 2$; OLYMPIA PRADO, 4$; AUGUSTO FERANDES, $500; MARIA NAMI DE CAMARGO, 5$; ANGELINA COLAGROSSI, 1$; PHILOMENA COLAGROSSI, 1$; NAZARETH PENTEADO, 1$; NADIR A. DOS SANTOS, 1$; LUIZ BRAGA, 1$; ALICE NEMES, 5$; CARLOS FRANJOLI, 2$; GRACIANA GALOTTI, 1$; JOSÉ e ANTONIO BUZÁ, 3$.-
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DIVERSÕES
Cine - Royal
Conforme nossa anterior, realizou-se hontem, no Cine local, o festival pelo "GRUPO DRAMATICO FLÔR DA MOCIDADE", de Itatiba, em beneficio da CAUSA CONSTITUCIONALISTA.
Antes de iniciar-se o espectaculo, o sr. JOSÉ R. DO PRADO, nosso estimado redactor, em nome da commissão promotora do festival, num formoso e eloquente discurso, agradeceu o valioso concurso prestado pelos distinctos amadores itatibenses e bem assim a todos que compareceram ao referido festival.
A pedido, os amadores itatibenses darão hoje mais um espectaculo em beneficio da GRANDE CAUSA DE S. PAULO, com as chistosa comedias "Almas do outro mundo" em 2 actos , e um lindo acto variado noa qual tomarão parte, alem dos amadores itatibenses, as graciosas senhorinhas GERACINA GUEDES, GUIOMAR e MARIA MARTINS.
Os preços para hoje serão os seguintes: Frizas, 6$000, cadeiras, 1$000.
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SOCIAES
ANNIVERSARIOS
Fez annos dia 9, a menina DIRCE, filha do sr. JOSÉ FOSCHINI.
- Dia 13, a menina SUZANA, filha do sr. JOSÉ PLACERES.
- Dia 15, a senhorinha CARLOTA, filha do sr. FELIPPE FOSCHINI, residente em S.Paulo.
- no mesmo dia, o menino NEY, filho do sr. JOSÉ COLAGROSSI, residente em Bocaina.
- Dia 17, a senhorinha NICOTA PENTEADO, filha do sr. ONOFRE PENTEADO.
Parabens.
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CONCHETA DEL ROY
PARTEIRA
Dispóe de muita pratica, tendo trabalhado 8 annos em São Paulo,
onde foi assistente da Maternidade.
Attende a qulquer do dia ou da noite
Applica injecções
PREÇOS MODICOS
Res. HOTEL PORTUGAL
Rua Dr. Marques Ferreira, 63 - DOURADO
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AGRADECIMENTOS: A nossa amiga RAQUEL APARECIDA AZEVEDO, filha dos nossos saudosos amigos ZÉ DA ANA e NICE, pelo empréstimo dos 2 exemplares do jornal "O DOURADO", Num. 70, de 24/07/1932 e Num. 77, de 11/09/1932. E autorização para a extração de uma cópia de cada exemplar, para o nosso arquivo. Obrigado pela valiosa colaboração para a história na nossa querida DOURADO.

ARQUIVO: CASA DOS PAPÉIS 
 
 




   

quarta-feira, 4 de outubro de 2023

CASA DOS PAPÉIS-339-NOTAS ESPORTIVAS - 30

 A GAZETA - Nº5608 - PAG.3
S. PAULO - SEXTA-FEIRA, 3 DE OUTUBRO DE 1924
F U T E B O L
EM DOURADO

A. A. DOURADENSE VENCEU O BOCAINA F. C. 3 A 1
Realizou-se a 28 de Setembro ultimo, na longínqua DOURADO, o formidável "pega" regional: A. A. DOURADENSE X BOCAINA F. C., este ultimo, um "terrível tigre" de BOCAINA...
A pugna foi em disputa do mui alto título de campeão da "linha DOURADENSE", e de uma soberba taça, offerta de um apaixonado grupo de torcedores de DOURADO
A's 16 horas precisas, quando o sol descambava no horizonte, tingindo de púrpuras as montanhas e os prados, alinharam-se em campo as 22 "feras" de calções e chuteiras. Empunhava o apito, o acatado esportista sr. JACOB MILHARCIX.
A saída coube aos visitantes, sem Maria vai, nem Zé venha, entraram feios na valsa.
Diante do desenrolar épico da peleja, a assistencia manifestava-se continuamente. Muita gente podemos affirmar, ficou com as guellas ardendo e com as mãos esfoladas de tanto berrar e bater palmas.
Para terminar a história, o quadro DOURADENSE conseguiu abater o seu temível adversário, fazendo-o engulir, caladinho, 3 "caroços" contra 1.
Os onze "espalha brasas" eram os seguintes: VITO; TORRES e JACINTHO; NINO, FELICIO e LOZANO; SGARBI, BUZÁ, SANTOS, CAPILÉ e FAILLA
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A GAZETA - Nº7860 - PAG.9
S. PAULO - SABBADO, 16 DE ABRIL DE 1932
O FUTEBOL NO INTERIOR
EM DOURADO
O LOCAES VENCERAM O QUADRO DE ITYRAPINA POR 3 A 0.
Realizou-se no campo da VILLA BELMIRO, nesta cidade, domingo 10 p.p., uma partida de futebol entre a valorosa A. A. DOURADENSE, local, e o forte conjunto do ITYRAPINA F. C., da cidade do mesmo nome.
O jogo teve animadíssimo e com ligeiro domínio do quadro local, que venceu o seu forte antagonista por 3 a 0. O bando vencedor era o seguinte: TINO; MARCONI e LOLO; TRAJANO, ROBERTO e CASSUNUNGA; GRILLO, ANNIBAL, BUZÁ, AFONSO e LUIZ. Marcaram os tentos: ANNIBAL (2) e ROBERTO.
Os visitantes vieram com o concurso do PÉ DE BOI, BICUDO e PICINA, do RIO CLARO F. C.
Com mais esta victoria, a invencível A. A. DOURADENSE conquista o título de "LEÃO DA DOURADENSE".
O juiz da pugna, sr. P. NEMES, esteve optimo.
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A GAZETA - Nº7875 - PAG.9
S. PAULO - QUARTA-FEIRA, 4 DE MAIO DE 1932
O FUTEBOL NO INTERIOR
EM DOURADO
A A.A.DOURADENSE VENCEU A COOPERATIVA F.C., DE RIO CLARO, POR 3 A 0.
No estádio de VILA BELMIRO, realizou-se, domingo, dia 24 do mez p.p., uma partida futebolística entre o forte conjunto da COOPERATIVA F.C., de Rio Claro e a invencível A.A. DOURADENSE, local. O jogo decorreu animado, e com ligeiro predomínio dos locaes, que venceram o seu forte antagonista pela contagem de 3 a 0.
Os visitantes vieram reforçados com POLASTRI, PICINA, NADIR e DIAMONDE, o célebre "Feitiço" do interior, todos do Rio Claro F.C.
O "onze" do LEÃO DA DOURADENSE era o seguinte: BORRACHA; MARCONI e PAREDÃO; TRAJANO, ROBERTO e ZÉCA; GRILO, BUZÁ, ANNIBAL, CAPILÉ e LUIZ.
Marcaram os tentos; BUZÁ, CAPILÉ e LUIZ.
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Foto Ilustrativa: 1933 - A.A . DOURADENSE  (PELADOS)
Em pé da E/D: D.FRANCO(Director), JACINTHO, GRILO, AUGUSTO, AGNELI, BUZÁ, CAPILÉ, ANNIBAL e CASSUNUNGA.
Agachados da E/D: ZICO, TINO e PICARETA.

FONTE: BNDIGITAL (A GAZETA)
ARQUIVO: CASA DOS PAPÉIS e FAMÍLIA DR. JOSÉ BUZÁ (Foto)

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

CASA DOS PAPÉIS-338: JORNAL DE DOURADO - NUM.15 e NUM.17






JORNAL DE DOURADO-NUM.15-ANO I-DOURADO(SP)-DOMINGO, 6 DE MAIO DE 1962 

V A R I A S

REFORMA DO POSTO POLICIAL
Segundo estamos informados, a concorrência pública está encerrada e a reforma do POSTO POLICIAL, será feita em breve tempo.
CASA DE TÁBOA DESTRUÍDA POR FOGO
Às 20 horas, aproximadamente, do dia 26 do mês findo, a pequena casa de táboa, na rua 13 de Maio, propriedade do Sr. PRIMITIVO INFANTE, ocupada pelo trabalhador da Prefeitura Municipal, Sr. MARCELO DELBUE, ficou completamente destruída por fogo, quando não havia ninguém na mesma, em tempo de extinção...
Consequentemente, a sua família, pobre e numerosa, ficou somente com a roupa do corpo.
NOVO ESCRIVÃO DE POLÍCIA
Vindo da delegacia de Polícia de Ribeirão Vermelho do Sul, assumiu o o cargo de escrivão, em dia do mês findo, o jovem FRANCISCO EDGARD FERNANDES.
Ao bom desempenho de suas funções, longa e feliz permanência, formulamos -lhe  nossos melhores votos.
DIRETÓRIO MUNICIPAL DO P.S.P.
Com ligeira modificação, organizou-se o diretório municipal do Partido Social Progressista, no dia 29 do mês findo, cujos nomes, da sua composição, daremos oportunamente, 
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SURGE EM SANTA CLARA SÉRIO PROBLEMA DE CASAS RESIDENCIAIS
Estamos seguramente informados que, esteve no distrito de SANTA CLARA, advogado, propondo acordo aos inquilinos do novo proprietário da Fazenda São José, para desocuparem os prédios que habitam, afim de serem habitados por seus agregados.
Pelo que se conclui, preliminarmente, é pensamento do novo proprietário, ação de despejo.
Deve, ele, porém, antes, superiormente, considerar que, num povoado como o de SANTA CLARA, onde não há casas sinão para seus moradores atuais, a situação anciosa que cria, aos chefes famílias acomodadas, quando em sua fazenda, há acomodações para seus empregados.
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NOTAS S O C I A I S
ANIVERSÁRIOS:
FIZERAM ANOS-
Dia 25 do mês findo, o Sr. BENEDICTO SILVESTRE, funcionário da Paulista de Estrada de Ferro.
Dia 26, Sr. ANTONIO MUNHOZ
Dia 29, Srta. RUTH SILVESTRE, filha do Sr. BENEDICTO SILVESTRE e Sra. D. LEONOR MORAES, que, em comemoração à data, ofereceu lauta mesa de doces às pessoas de suas amizades.
Dia 5 do corrente, ontem, GERSON LUIZ, filho do farmacêutico Sr. ONEYDE DE SOUZA e Sra. D. NORMA VERGAÇAS.
FAZ ANOS-
Dia 13 do corrente, fazendeiro JOÃO MUNHOZ DIAS.
ENLACE - EDWARD e WILMA
Realizou-se, dia 3 do corrente, o enlace do jovem EDWARD MIRANDA BUZÁ, Caixa do Bnco Novo Mundo S/A, com a Srta. WILMA FOSCHINI.
ENLACE - ROBERTO e TEREZA
Realiza-se dia 13 do corrente, o casamento do jovem ROBERTO VERGAÇAS JUNIOR, filho do Sr. ROBERTO VERGAÇAS e de D. DOLORES CORTINAS, com a Srta. TEREZA DAL'EVEDOVE, filha do Sr. ANTONIO DAL'EVEDOVE e de D. CLARINDA FIAMONCINI DAL'EVEDOVE
NA CIDADE
Estiveram na cidade, em dias da semana, Sr. ORLANDO SATIRO ARAUJO, ex-gerente do Banco Novo Mundo local, atualmente em Fernandópolis, Sra. D. OLIVIA FREITAS ARAUJO, e Sr. JOSÉ DE MOURA, residente em São Paulo.
MUDANÇA-
O Sr. ONEYDE DE SOUZA, transferiu a sua farmácia da rua Demetrio Calfat, para a rua Dr. Marques Ferreira,24, prédio da antiga padaria Aurora.
PIQUE-NIQUE
Os operários do COTONIFICIO SANTO IGNACIO S/A, em comemoração a efeméride do Trabalho e ao aniversário natalício do Sr. ELIAS MALUF, transcorrido dia 29 do mês findo, realizaram no dia 1º de maio, grande pique-nique, nas margens do rio Jacaré - Pepira.
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A G R A D E C I M E N T O
ANTONIO ALVES FUNES, esposo, DOMINGOS DONATO, pai, e demais parentes da pranteada,
N O R M A   D O N A T O   A L V E S
profundamente reconhecidos, agradecem a todas as pessoas que os confortaram, na enfermidade, passamento e a acompanharam até à sua derradeira morada.
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JORNAL DE DOURADO-NUM.17-ANO I-DOURADO(SP)-DOMINGO, 20 DE MAIO DE 1962

NA DATA CINCOENTENÁRIA DA MAIORIDADE POLÍTICO-ADMINISTRATIVA 
DO MUNICÍPIO DE DOURADO - 1897<=> 1947

Ontem, 19 de Maio de 1962 transcorreu o sexagésimo quinto aniversário da maioridade político - administrativa do MUNICÍPIO DE DOURADO.
A homenagem do JORNAL DE DOURADO, pela grata efeméride, esta publicação dos dados históricos, que poucos conhecem e todos precisam e devem conhecer.
Nesse dia, no ano de 1947, apezar do mau tempo reinante, a gente DOURADENSE, em meio de entusiasmo e de festa, viveu o trecho mais belo da sua história, todo de vibração e gratidão cívicas.
Era Prefeito Municipal, por nomeação do Interventor Federal em São Paulo, Dr. ADHEMAR PEREIRA DE BARRROS, na política local de ELIAS MALUF, BENEDICTO MODESTO DE ABREU, neto de JOSÉ MODESTO DE ABREU, patriarca da Família doadora de 16 alqueires de terra à FÁBRICA DA CAPELA DE SÃO JOÃO BAPTISTA.
No Salão do Paço Municipal, literalmente repleto de gente, em sessão solene especial, após a sua abertura, com a palavra concedida, desempenhei-me da honrosa incumbência concedida pelo chefe do Executivo, reproduzida a seguir:
"Sr. ALFREDO AUGUSTO DE ARAUJO. 
A sua presença honrosa entre nós, neste dia de entusiasmo e alegrias, era indispensável. E temo-la da bela e longínqua Marília. DOURADO e sua gente recebendo-o de coração e braços abertos, não podiam escolher melhor oportunidade, para testemunharem a gratidão e reconhecimento àquele que, no passado, ficaram devendo tudo quanto são no presente, somos aliás.
A ingratidão dos homens pode esquecer o seu benfeitor. Nunca o esquecerá, porém, a história de DOURADO, fartamente documentada por suas fecundas realizações, quando à frene do Executivo Municipal, desenvolveu extraordinariamente os serviços da municipalidade, imprimindo-lhe orientação que lhe permitiu prosperar. Suas obras de então, acham-se em plena frutificação, num atestado flagrante de aguda visão de que é dotado e de profundo conhecimento com enfrentava os problemas do Município.
Não venho dos seus dias de DOURADO. Sua ação dinâmica de 20 anos (1906 <-> 1926), autoriza-me entretanto, sem nenhum favor, colocar-lhe, destacadamente, neste movimento histórico.
Receba, pois, Sr. ALFREDO AUGUSTO DE ARAUJO, as flores que ora lhe entregamos, como prova da gratidão do muito que lhe devemos, certo de que, a Pátria e o Município, bendirão o seu nome, por todo o sempre.
Prosseguindo, devo justificar-me agora, para que não recaia sobre mim, na parte referente à imprensa, culpa futura.
Antes do mais, peço aos presentes, um minuto de respeito aos mortos que fizeram à pujança do nosso Município.
O maior expoente da civilidade de um povo, é inegavelmente a imprensa. Esta, aqui, caminhou sempre ao lado do povo. DOURADO, que ocupava lugar destacado nessa parte, ultimamente, do ano de 1941 para cá, vive infelizmente, sem o seu jornal, por deliberação do Departamento de Imprensa e Propaganda extinto, que suspendeu a circulação do único que possuía, <<A UNIÃO>>.
É pelo jornal que se avalia bem o grau de adiamento de uma terra, o desenvolvimento do seu progresso, a capacidade de seus habitantes. Nas oficinas do jornal está o atestado da cultura de um povo. Sem imprensa, nada representam as aspirações populares, os feitos governamentais, os sacrifícios feitos para avançar.
Tudo inútil. O jornal é que discute e orienta, que informa, que fiscaliza e ao mesmo tempo, auxilia à administração pública.
Por isso mesmo, cada terra tem o imperioso dever de cooperar para à manutenção do seu jornal, emprestando-lhe como tem emprestado à gente da nossa, pelos seus elementos dessa compreensão.
Ilustres presentes.
Entre os vultos da nossa história, figura o Sr. CYRO MARCONDES REZENDE, cujo nome, seria injustiça ficar esquecido neste dia. Foi ele que em 1898 aproximadamente e realizou efetivamente em 1900, a COMPANHIA ESTRADA DE FERRO DO DOURADO, com a abertura do seu primeiro trecho, entre RIBEIRÃO BONITO e DOURADO, e, com a inauguração da estação local. 
A sua estrada em à nossa história, não foi pela construção da estrada de ferro, mas sim, pela preferência da nossa cidade para seu berço. Tanto que, ele, recusando todas as propostas vantajosas da época, aqui instalou a séde da companhia que fê-la prosperar lentamente, vencendo e enfrentando às dificuldades que tentaram impedir a sua marcha progressista. É preciso sabermos agora. Apezar da exiguidade territorial, o Município prosperou, até que, em 1930, a sua marcha ascendente teve brusca parada. Não desanimaram entretanto, os seus homens de boa vontade do passado  e do presente, mantendo sempre firme a crença nos dias melhores do Município, zelando por tudo que se acha feito. E graças a isso, DOURADO, debaixo de grande vibração cívica, comemora hoje, condignamente, o cinquentenário de vida municipal. 50 anos de existência profícua. Meio século de vida de trabalho, de progresso e de desenvolvimento. Agora, um novo ano de novas realizações se lhe depara. E para um futuro risonho e progressista, DOURADO marcha. Marcha firme e resoluto como marchou esses 50 anos de Município. Um novo sol de civilização ilumina a nossa DOURADO, fortalecida pelo sangue de nossos antepassados e revigorada pelo entusiasmo de nossa geração, por certo, terá no decorrer dos anos vindouros, uma existência cada vez mais útil e proveitosa, que produzirá os frutos benfazejos do progresso e de civismo, sempre pelo engrandecimento da Pátria.
Glória, pois, a DOURADO! Em DOURADO, todos unidos em pról de DOURADO!
Nesta data, 15 anos decorridos da cinquentenária, deste palanque público, ergue-se, reverentemente:
AVE - Dr. EVERARDO VALIN PEREIRA DE SOUZA, MAXIMILIANO DE OLIVEIRA SAMPAIO, JOSÉ VICTORINO DA SILVA, LEOPOLDO ADOLPHO MACHADO, ALFREDO AUGUSTO DE ARAUJO, HENRIQUE GÜINTHER, JOSÉ MODESTO DE ABREU, MIGUEL ABREU PORTEL, JOAQUIM CARDOSO DOS SANTOS, TENENTE CARLOS DE OLIVEIRA SAMPAIO, CYRO MARCONDES REZENDE - 1897.
DEUS, guarde DOURADO!"
ADELINO FRANCO
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CRONICA DO MOMENTO
LIBERO BADARÓ, o grande idealista republicano, ao ver as falhas dos seus contemporâneos republicanos, disse:
- Não é esta a República que sonhei!
PASCHOAL TAVANO, um dos construtores da cidade, alta escala no comércio de calçados e de grande projeção social, nos seus tempos de vida, diante da derrocada sucessivamente, antes de morrer, fundamente triste, disse aos seus filhos: - Não é esta a cidade que fizemos e quizeramos, eu e os meus companheiros de construção, políticos, comerciantes, industriais, lavradores, operários e intelectuais.
Razão sobejo, teve o Sr. PASCHOAL TAVANO, amigo de saudosa memória, para esta mensagem, deixada a todos que aqui vivem.
Não se pode traçar um quadro mais perfeito de tutela municipalista, para à dignificação do trabalho, qual o que fizeram os homens do passado de DOURADO.
Para demonstrar o vulto da atividade desenvolvida por eles, basta passar os olhos em revista, pela cidade.
Os DOURADENSES, natos ou adotivos, não podem esquecer os deveres da solidariedade humana. Foi sempre essa base que, a inspiração dos antepassados dez alargar e prosperar à rede benemérita do progresso.
ADELINO FRANCO 
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NOVO EXATOR ESTADUAL
Procedente de Charqueada, assumiu o exercício no Município, o novo Exator Estadual, Snr. JOSÉ CARLOS HELLMEISTER.
Desejamos-lhe ao par de facilidades no desempenho de suas funções, boas vindas, em feliz permanência.
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NOSSA VISITA AO SERVIÇO DE ESGOTO SANITÁRIO DO CAMPO
A convite especial e atencioso do Fiscal Geral da Prefeitura Municipal, Sr. JOÃO FOSCHINI, percorremos, dia 16 do corrente, os serviços de esgotos sanitários, do Campo, por ele dirigidos, já, numa distância de 1.400 metros da cidade, emanilhada. Faltam daí ao salto do despejo, fazenda São Carlos, 2.700 metros, aproximadamente, feito além do Matadouro Municipal.
O custoso serviço de terra, rasgando pedreiras e rompendo acidentes topográficos, está próximo do seu término e segundo , o Sr. JOÃO FOSCHINI, ficará concluído, em meado de Junho vindouro.
O Sr. JOÃO FOSCHINI, com esta oportunidade que se nos ofereceu, não foi apenas uma satisfação dada a imprensa do Município, mas sim, consideração administrativa, que não desconhecíamos o grande trabalho empreendido e pode-se considerar vencido.
Consignamos aqui, o nosso agradecimento.
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RENÚNCIA DE MANDATO DE VEREADOR
O Sr. CAETANO D'ABRUZZO, primeiro suplente de vereador à Câmara Municipal, por motivo de transferência de residência para São Paulo, em data de 11 do corrente, apresentou a sua renúncia ao mandato, com decisão do Plenário, em ofício endereçado ao Senhor Presidente da Mesa.
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REABERTURA DA ESTAÇÃO DE SANTA CLARA
O povoado de SANTA CLARA, embora continua com a sua estação fechada, transformada em "parada", não perdeu a esperança na sua reabertura.
É com essa mesma esperança na sua reabertura, que voltamos à alta consideração da atual administração da Paulista de Estradas de Ferro, seguinte:
O fechamento da estação, considerado em deficit, feito rapidamente, não se justifica plenamente. Pois não seria um chefe de estação, peso à balança economica - financeira de uma ferrovia rica, como é a Paulista de Estradas de Ferro.
Ademais, se aquela estação não comportar um chefe da ultima classe, poderá seu movimento, ser feito por escriturário que conheça também, aparelho telegráfico.
Com esta reconsideração, prestarão os senhores administradores da Paulista Estradas de Ferro, um ato relevante à vida de um povoado, deixado à margem do progresso.
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N O T A S   S O C I A I S 
ANIVERSÁRIOS:
- Dia 4, ginasiana da primeira série, ROSA LUZIA SPERANZA, filha dos Sr. ANTONIO SPERANZA e D. OLGA SOPHIA SPERANZA.
Pelo transcurso da data, na classe dirigiu-lhe a palavra de cumprimentos, em nome dos colegas, SERGIO BUZZÁ, filho do distinto médico Dr. JOÃO O. BUZZÁ e D. LIA BUZZÁ.
- Dia 10, Exma Sra. LEONTINA CARDOSO DOS SANTOS, esposa do Sr. SERAFIM MARQUES BREGUÊS.
- Dia 15, o jovem JOSÉ ARAGUÊS.
- Dia 21, jovem MANOEL ARAGUÊS, residente em São Paulo, filho do Sr. ALEXANDRE ARAGUÊS, industrial, e D. MARIA DOLORES ARAGUÊS.
- Dia 25, Sra. NIHIL MALUF, viúva do Snr. CESARIO MALUF, grande comerciante de secos e molhados, fazendas e armarinhos, do passado.
NA CIDADE:
Estiveram na cidade, em dias da semana, srta. ALICE NEMES, filha do antigo comerciante de tecidos e armarinhos do passado, Snr. FADUL NEMES.
ARIOALDO FRANCO, residente em Campinas.
Professor DAURI SPERANZA, domiciliado em Araraquara.
CAETANO D'ABRUZZO, residente em São Paulo.
AUREO SPERANZA, locutor da Radio Cultura de São Carlos.
Snr. ANTONIO ORTEGA FILHO, antigo comerciante desta praça, residente em São José dos Campos, ao qual agradecemos os cumprimentos e tomada de assinatura desse jornal.
DIOGO LOZANO FILHO. Depois de vinte anos de ausência da sua terra natal, viu-a dia 16 do corrente, o snr. DIOGO LOZANO FILHO, agora residente novamente, em sua propriedade agrícola, no Município de Ribeirão Bonito.
Recordando o progresso dos dias de seu pai, snr. DIOGO LOZANO. Manifestou seu contentamento ao visitar o Cotonifício Santo Ignácio S.A. e o velho companheiro de infância, snr. ELIAS MALUF.
NECROLOGIA:
Faleceu em Araraquara, dia 14 do corrente, D. ROSALIA RODRIGUES MONTANARI, viúva do snr CELSO MONTANARI.
NOIVADO OFICIALIZADO:
O jovem GUY PALOTA, residente em São Paulo, oficializou noivado no dia 13 do corrente, com a Srta. MARIA AGUIDA, residente em São Carlos.
Gratos pela gentileza da participação, aos noivos desejamos breve casamento. 
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ARQUIVO: CASA DOS PAPÉIS
 


  


  

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

CASA DOS PAPÉIS-337: FESTA DE S. CLARA - 1959

 GRANDE FESTA EM LOUVOR À 

S A N T A   C L A R A

EM 16 DE AGOSTO DE 1959


P R O G R A M A 

Parte Religiosa
Dia 12 dia de Santa Clara
Pela manhã às 10 horas - Missa solene, oficiada pelo ilustre e Rev. Padre ARMANDO SALGADO, com comunhão geral.
Nos dias 13 e 14
Haverá na Capela votiva a reza do Terço.
Dia 15
Dia da Assunção de S. S. Virgem Maria, haverá Missa, às 10 horas.
À noite será rezado um piedoso Terço.

Parte Profana
Dia 12
Funcionarão várias barracas de quermesse, sendo premiadas valiosas prendas.
Dia 15
Dia Santo de Guarda - No adro da Capela haverá leilão, com função de todas as barracas, inclusive o bar com apetitosos assados e guloseimas.
Dia 16
Na alvorada lembrando este grande dia SANTA CLARA, será acordada pelo bimbalhar dos sinos, espoucar de rojões e de um poderosa bateria de 21 tiros.
Depois da Missa, às 12 horas, grande leilão de gado.
à noite no Largo feericamente iluminado, continuarão os festejos com quermesse, leilão e bar.
Dia 16 - Dia da Festa
Neste dia festivo que nos lembra SÃO ROQUE, dar-se-á o fim das homenagens a SANTA CLARA, com Missa Soleníssima, às 10 horas, com a colaboração do Côro da Igreja Matriz de DOURADO, oficiada pelo Rev. Padre ARMANDO SALGADO, que fará empolgante panegirico da nossa Augusta Padroeira.
Às 16 horas - Imponente procissão saindo da Capela votiva e percorrerá toda SANTA CLARA.
Para esta procissão os festeiros rogam a cooperação das exmas. famílias, enviando o maior numero de Anjos.
Os andores de SANTA CLARA, Santa Ignês, Santa Rira, N. S. Aparecida, São Benedito, Santo Antonio e São Valentim serão enfeitados por senhoras e senhoritas de SANTA CLARA. 
-.-.-.-.-.-
Leilão - O leilão funcionará a cargo de todos os festeiros.
Musica - Para alegrar as festividades em louvor à SANTA CLARA, a festa contará com o concurso da Banda Musical de Ribeirão Bonito, e POLI E SEU CONJUNTO DE DOURADO.
A Renda - Desta festa será toda aplicada em melhoramentos da Capela.
====== FESTEIROS ======
JUVENAL DA SILVA BRAGA, ROBERTO ORTEGA, ALFREDO DA SILVA BRAGA, JOSÉ RIBEIRO, DR. OSVALDO FLAVIO TEIXEIRA, JOSÉ CARLOS NICO, DR. JAYME VIEIRA PINHEIRO, ERNESTO DOMENICONI, HENRIQUE TOMAZINE & IRMÃOS, PAULINO TURCI, ARGEMIRO FERRO, JOÃO ALVARENGA, HILDEBRANDO GOMES, IRMÃOS BATTISSACCO, JOÃO CARMONA, AUGUSTINHO GABAN, JOSÉ CHIÉZE, ANTONIO MORENO, IRMÃOS MORALES, JOSÉ ANTONIO OLIVEIRA CEZAR, BENEDITO AUGUSTO DA SILVA, IRMÃOS GOMES, DOMINGOS CHANQUETTI, VITÓRIO THOMAZ, SALVADOR PEDROZO, IRMÃOS LOPES FELIPE, ANTONIO PACHÁRI, EMILIO DADA, ALEXANDRE PICOLO, NICOLA THOMAZ, SANTO BRUNO, ANTONIO NOVAES, JOSÉ TEREZAN, FLAVIO DE ALMEIDA, NICOLA GENGHI, SATORNINO CARVALHO, IRMÃOS DELÉVE, PAULINO MADONIA e APARICIO XAVIER.

Presidente de Honra
Snr. MOACYR PENTEADO TOLEDO
D. D. Prefeito Municipal de DOURADO

VISTO:
PADRE ARMANDO ANTONIO SALGADO
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ARQUIVO: CASA DOS PAPÉIS / ANTONIO DELEVE FILHO (Programa)

domingo, 6 de agosto de 2023

CASA DOS PAPÉIS-336: OS IMIGRANTES LETÕES EM DOURADO

 OS IMIGRANTES LETÕES EM DOURADO

Aos meus amigos que gostam de ler sobre a história da nossa querida DOURADO, através de uma de minhas publicações onde citei o nome de DR. ALMEIDA SANTOS, médico aqui residente na primeira metade do século passado, SIBILA LILIAN OSIS fez um comentário sobre tal publicação, e,  que fez  surgir uma parceria sobre o período em que os IMIGRANTES LETÕES  aqui se fixaram, na propriedade do DR. CARLOS BOTELHO, e SIBILA prontamente, com seus conhecimentos, nos proporciona com esse maravilhoso trabalho que aqui publicamos.
SIBILA LILIAN OSIS nosso agradecimento e obrigado por essa colaboração.
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Entre tipos e cafezais: a imprensa e os imigrantes letões em Dourado
(1925-1926)
“Do país do Passado nós viajamos
Por uma vida em terras de Presente perpétuo
Até a longínqua terra do Futuro,
Onde seremos felizes, libertos.
Todos os dias são nossa companhia,
Unidas à comitiva de viagem,
As companheiras Lágrimas e Alegrias
Junto às montanhas e vales.
Temos um cajado em nossas mãos – a Fé,
Com o qual nos apoiamos,
E à distância brilha a estrela – a Esperança,
Da qual não duvidamos.
O pão da caminhada – a palavra de Deus,
Como líder – o Amor,
E uma maravilhosa Fonte de poder
Nós – Unidos em oração e clamor...
Nós seguimos... Longo e difícil é nosso caminho,
Nem todos vão de bom grado.
Os pés se cansam com a poeira do percurso
E pedem repouso em algum lugar de seu agrado...
Mas a estrela brilha intensamente – a Esperança,
Para ela nós direcionamos o olhar –
Dissipam-se a névoa, as preocupações e a fadiga,
Do nosso forte cajado não iremos soltar…”
KALNU JĒKABS, Nós viajamos
Jaunais Lihdumneeks, n. 2, março, 1930.
Em 26 de outubro de 1922, atracava no Porto de Santos o vapor
Araguaya, da companhia inglesa Royal Mail Steam Packet, proveniente de
Cherburg, França. Deste navio, desembarcaram 437 letões, que foram
direcionados à Hospedaria de Imigrantes, no bairro do Brás, em São Paulo.
Um conto publicado em letão pelo autor Dsintars, em 1929, intitulado
Sapņotajs (Sonhador), relatou um pouco sobre a viagem e chegada ao Brasil.
Ele escreveu:
Já havíamos chegado ao litoral do Brasil e dirigimos ao longo dele por
vários dias, paramos no Rio de Janeiro e então fomos para Santos, que
foi o ponto final de nossa jornada no oceano. Nós desembarcamos lá.
À nossa frente, uma terra vasta, estrangeira e desconhecida. Um
idioma estranho soa por toda parte, pessoas diferentes, entre eles um
grande número de cidadãos negros (Jaunais Lihdumneeks, n. 2,
março, 1929).
A Letônia é um país ao norte da Europa, que foi dominado por mais de
800 anos pelos alemães, suecos, poloneses e russos. Durante esse período, os
nativos da Letônia foram submetidos à servidão e à escravidão. Somente no
início do século XX, em 1918, a Letônia se tornou independente.
O destino final dos imigrantes era uma fazenda que havia sido adquirida
para se tornar a colônia de letões no Oeste Paulista. Até o final de 1923, foi
registrada a entrada desses imigrantes na Hospedaria em São Paulo, com
destino a Sapezal, a estação férrea mais próxima do local. Após passarem pelas
inspeções na hospedaria, o grupo era embarcado em um trem, que seguia pela
Estrada de Ferro Sorocabana, uma viagem que durava 24 horas e foi narrada
como bastante precária, chegando a compararem o vagão a um trem de carga,
com bancos estreitos, em que duas pessoas sentavam com pouca comodidade.
Após esse percurso, chegavam à Estação Ferroviária do Distrito de
Sapezal. Nesse local, eles tinham um barracão de apoio, onde os imigrantes
descansavam e deixavam suas bagagens, para seguir posteriormente, pois
ainda havia uma caminhada por uma precária “trilha”, ou como citou Tupes
(1988, p. 41), “uma senda escabrosa e difícil” em meio à mata nativa e de
aproximadamente 30 quilômetros, até chegar às margens do Rio do Peixe. Em
1 de novembro de 1922, o primeiro grupo chegou ao local adquirido e essa data
é considerada a da fundação de Varpa, hoje distrito do município de Tupã (SP).
Segundo Ronis (1974), aproximadamente 2.300 letões imigraram para
Varpa, em sua maioria protestantes batistas, que buscavam em terras tropicais
novas oportunidades e liberdade religiosa. Eles se organizaram e, dois meses
antes de iniciarem o fluxo migratório, enviaram um grupo representante, que se
dirigiu ao Brasil com a tarefa de adquirirem uma propriedade para a instalação
da futura colônia. Assim, diferentemente dos imigrantes de outras nacionalidades
que, em sua maioria, trabalhariam em atividades de agricultura subsidiadas por
fazendeiros ou pelo governo, os letões adquiriram uma propriedade e se
organizaram fora dos núcleos de colonização.
A área de terra comprada era denominada Fazenda Pitangueiras e tinha
um território de 2.000 alqueires. Apesar da nomenclatura "Fazenda", o que havia
era somente uma pequena cabana, sem nenhuma outra grande estrutura. Assim,
esses letões começaram uma nova vida “praticamente do nada” no Brasil, como
relatou Tupes (1988, p. 44)
Conforme os grupos chegavam, as frentes de trabalho eram organizadas.
Nesse momento, homens, mulheres e crianças fizeram os mais diversos
serviços, a fim de contribuírem com o desenvolvimento da colônia.
Independentemente da profissão ou ofício, todos labutaram juntos.
Desde o início, os imigrantes letões organizaram diferentes tipos de
trabalhos, da construção de dormitórios à abertura de clareiras para as
plantações, construção de estradas e pontes, reuniões de celebração espiritual
nos dogmas protestantes batistas e a instituição de uma escola ao ar livre, para
educação das crianças. Algumas estratégias utilizadas foram o caixa único, em
que foi depositado o dinheiro para benefício de todo o grupo, bem como a
organização de uma diretoria e superintendências, como as de Abastecimento,
das Atividades Agrícolas, da Instrução, da Saúde e outras.
A terra adquirida foi dividida pelos agrimensores do próprio grupo, que a
seccionaram em lotes, posteriormente distribuídos entre os colonos, conforme
alguns critérios. Aqueles que cooperaram com dinheiro para a aquisição da
fazenda tiveram prioridade de escolha e os demais receberam sua gleba
conforme sorteio.
Porém, alguns optaram por manter a vida em comunidade. Dentre os
imigrantes, vieram muitos solteiros, mulheres viúvas com filhos e também casais
que não os tinham. Para os integrantes desse grupo, poderia ser difícil a
condução de um sítio, pois nas situações em que se encontravam, com matas a
serem abertas para plantações e pasto, as famílias pequenas poderiam ter
dificuldade de obter sustento ou mesmo de pagar o valor que ainda era
pendente.
Conforme explica Vassilieff (1979), além dos motivos de cooperativismo
para a sobrevivência, propósitos religiosos também podem ter sido
influenciadores da formação da comunidade. Em relato apresentado pela
professora Marija Mellenberg, esta apontou que a crença na segunda vinda de
Cristo levava alguns a optarem por uma convivência como a dos cristãos
primitivos de Jerusalém, onde todos compartilhariam o todo.
Outro ponto levantado pela depoente foi que o exemplo de vida seria uma
forma de afirmação moral, quando diz, “na minha opinião, a nossa vida é um
protesto público contra a ambição e a avareza, os males que estão destruindo a
sociedade em geral” (VASSILIEFF, 1979, p. 124). Assim, a solução encontrada foi se manterem vivendo em comunidade,
em que todos se apoiariam em uma frente de cooperação. O assunto foi tema
de discussão entre os colonos, sendo realizada uma sessão plenária na Igreja
Batista de Varpa para analisar a proposta, com a sua formação aprovada por
entenderem que se tratava de uma corporação fraterna e beneficente.
Foi decidido que seria separada uma área de 300 alqueires para a
fazenda coletiva, que contava com 350 pessoas registradas em seu início. Assim
se constituiu a Fazenda Palma e Vassilieff (1979, p. 108) concluiu que seu
aspecto religioso seria o “cimento da unidade” que alavancaria o
desenvolvimento e manteria a vida social ordenada.
Com a divisão das terras e o pagamento das parcelas de sua compra,
houve a necessidade de esses imigrantes se deslocarem para trabalhar e
conseguirem fundos. Uma das estratégias foi parte das famílias se direcionarem
às fazendas de café, onde poderiam conseguir dinheiro para auxiliar aqueles que
ficaram em seus sítios na colônia.
Nessa proposta, por volta de 150 imigrantes da Fazenda Palma se
deslocaram para Dourado (SP), distante aproximadamente 300 km, local de
intenso movimento cafeeiro à época. Alguns vestígios importantes apontam
como a população da cidade deu forte apoio aos letões, mas também indicam
que aqueles que tiveram contato com esses imigrantes foram igualmente
influenciados por sua cultura e costumes.
Um dos momentos marcantes em Dourado foi o início da imprensa dos
imigrantes da Letônia, com a produção de revistas em idioma letão, no período
em que atuavam nas fazendas de café. Dois jovens imigrantes do grupo enviado,
Jacob Rosenberg (que tinha dois pseudônimos, Kalnu Jekabs e Dsintars) e Jānis
Bukmanis, viajaram a Nova Odessa, onde havia uma colônia de letões.
Lá, eles se depararam com a venda de uma prensa do tipo Minerva
manual e alguns “tipos” (as letras usadas para a montagem das palavras), que
haviam sido utilizados na produção de um impresso letão de cunho político, mas
que não estava mais circulando.
Eles compraram a máquina e os demais materiais e levaram ao que
chamaram de Fazenda Dourado, onde junto com Arvids Eichmann, publicaram
o primeiro impresso dos imigrantes letões de Varpa. Acredita-se que essa
“Fazenda Dourado” era a de café da família do Dr. Carlos Botelho, que ficou 
assim conhecida entre os imigrantes letões, pois é a forma que se referem a ela
nas publicações que adiante apresentaremos.
A primeira publicação desse grupo de imigrantes letões com a máquina
tipográfica foi justamente de teor religioso, denominada Meera Whests
(Mensageiro da Paz), lançada em dezembro de 1925 (Figura 1), tendo como
editor Arvids Eichmann e como assistente J. Rosenbergs. Também foi publicado
um suplemento para o público infantil, chamado de Rihta Rasa (Orvalho da
Manhã).
Figura 1 – Páginas iniciais das revistas Meera Wehsts e Rihta Rasa, em suas
primeiras edições, em Dourado (SP)

Fonte: Biblioteca Digital da Letônia e Arquivo da Fazenda Palma.
Ao fim da primeira publicação, dois fatos interessantes se destacam. O
primeiro, uma explicação sobre a forma diferente de escrita, pois eles adquiriram
os tipos em letras latinas, que não correspondiam à ortografia letã, que possuía
acentuações diferenciadas (o comma, mácron e o caron), sendo assim
necessário adaptá-la ao material disponível. O segundo detalhe foi que as
correspondências podiam ser enviadas aos cuidados do Dr. Carlos Botelho, em
Dourado. Assim, inferimos que a tipografia foi instalada nas dependências de
sua fazenda de café (Figura 2)

Figura 2 – Página final da revista Meera Wehsts nº 6, de 1926, apontando o
endereço de correspondência em Dourado e a lista de doações recebidas
Fonte: Meera Wehsts n.6, de 1926, página 95. Arquivo da Fazenda Palma.
Desde seu início, esses impressos eram distribuídos gratuitamente e
circularam nos grupos de letões no Brasil, mas também alcançaram a Letônia e
a América do Norte. Essa informação se baseia nas doações que eram enviadas
à redação, com a lista dos valores publicada. Na Figura 2, há doações em lats
(moeda da Letônia), em Réis (moeda do Brasil à época) e em dólaris. Outro fato
intrigante foram as doações recebidas e apontadas como Douradeeschi (de
Douradenses). Os valores eram bem elevados, quando comparados ao salário
do trabalhador comum.
No Meera Wehsts n. 2, de 1925, a página 32 apresenta os nomes e
valores das doações recebidas, dentre elas, a de 1:138$000 (um conto e cento
e trinta e oito mil réis) e para Drukatawas (Casa impressora), no valor de
1:642$200 (um conto, seiscentos e quarenta e dois mil e duzentos réis), que
foram realizadas por Douradeeschi. O valor total foi de 2:780$200 (dois contos,
setecentos e oitenta mil e duzentos réis), o que era uma soma muito elevada à 
época.
Em documentos da época, foi identificado que uma diária de trabalho na
fazenda era em torno de 4$000 (quatro mil réis), sendo então esse valor doado
o equivalente a 695 dias de trabalho. Uma das possibilidades era de que, nessa
quantia, poderia haver doação de não letões, ou até mesmo do próprio Dr. Carlos
Botelho, possuidor de outras fazendas em São Paulo e que os conhecia,
enquanto Secretário da Agricultura entre 1904-1908, quando organizou a
fundação de núcleos de imigrantes, dentre eles o de Nova Odessa (ARANHA,
2011).
Assim, a imprensa dos letões de Varpa se iniciou em Dourado em 1925 e
ali continuou até novembro de 1926, quando o grupo de imigrantes da
comunidade da Fazenda Palma encerrou as atividades na lavoura cafeeira e
retornou à colônia, levando junto a Minerva e o material. A última publicação em
Dourado foi datada de outubro daquele ano.
Todavia, a relação entre a cidade e os imigrantes foi também motivo de
outros artigos publicados na Letônia. Lá, a revista Kristigā Balss (Voz Cristã),
ligada aos batistas, publicou em 1925 um artigo da autoria de Art. Dinbergs,
sobre a vida dos colonos de Varpa na fazenda de café em Dourado, aos quais
foi visitar, quando realizou uma viagem ao Brasil.
Nele, o autor indicou que por volta de 150 imigrantes da Letônia
trabalhavam ali e que era um serviço difícil e desgastante. O autor pôde
presenciar o coral cantando em "português ou brasileiro" e que os ouvintes locais
pediam mais reuniões como aquela. Um momento que foi registrado com uma
fotografia publicada no artigo (Figura 3)

Figura 3 Foto do coral de batistas letões na fazenda em Dourado


Legenda: Sentado ao centro, marcado com um "X" está R. Vavers, o líder do coro, que foi
poeta, escritor e músico.
Fonte: Kristigā Balss, n. 18, 15.09.1925, p. 510. Arquivo da Fazenda Palma.
Em 1927, foram publicadas na revista Jaunā Nedeļa (Nova Semana), da
Letônia, três fotografias de uma fazenda de café em Dourado, identificada como
sendo da propriedade de Dr. Carlos Botelho, onde os imigrantes letões
trabalharam por três anos. Nela, mostram as casas dos colonos na fazenda de
café, o processamento dos grãos no pátio e uma serpente identificada como
cascavel, apontando que se morreria em poucas horas, caso alguém fosse
atacado pela víbora (Figura 4). Na revista, não havia maiores relatos sobre as
fotos, somente as três imagens, acompanhadas de breves descrições. Também
não foi identificada autoria ou procedência das fotografias.
Figura 4 Recorte de página de revista com fotografias referentes ao trabalho
dos imigrantes letões na fazenda de café do Dr. Carlos Botelho

Fonte: Jaunā Nedeļa, n.18, 6 de maio de 1927, p. 16. Arquivo da Biblioteca Digital da Letônia.
O conto que Dsintars escreveu sobre a chegada ao Brasil também relata
sobre a plantação de café, o que trouxe lembranças da pátria mãe:
Até onde os olhos podem ver, em todos os lugares, há arbustos de
café, polvilhados de branco e flores perfumadas. O café brilhante nos
campos de floração dá uma sensação de se estar rodeado por
pinheiros cobertos de neve, em uma tranquila véspera de Natal.
Mas também apontou o insalubre trabalho na fazenda de café:
Assim que você começar a mover a peneira, então toda uma nuvem
de poeira de argila seca e terra te envolverá e cercará teus olhos, nariz
e boca - passa pelas roupas, vai se misturar com suor e, em pouco
tempo, vai fazer você parecer um indígena ruivo.
Como o autor tem o mesmo pseudônimo utilizado por J. Rosenberg e seu
texto foi parte da revista com publicação iniciada ao retornarem à Fazenda Palma
com a Minerva, infere-se que seja um relato do período em que ele próprio atuou
nesse trabalho.
O livro Latvieši Palmu zēme (Terra Letã da Palmeira), escrito pelo
imigrante letão Arnolds Brūvers, dedicou um trecho sobre a vida na fazenda de
café. Relatou que o grupo de letões chamou a atenção dos moradores locais e
donos das fazendas, pois tinham hábitos e uma cultura bastante diferente de
outros imigrantes. Inclusive, que não estavam acostumados a um trabalho físico
pesado, pois muitos usavam luvas na labuta diária, para protegerem as mãos.
No grupo que fundou Varpa, havia muitos agricultores, mas também
profissionais de diferentes ofícios e profissões, boa parcela tinha alguma
formação, sendo que a maioria dos adultos sabia ler e escrever. Esse não era o
padrão de imigrantes de outros países, que em muitos casos não tinham nenhum
tipo de ofício ou letramento.
Outros relatos sobre os letões em Dourado têm sido descobertos em
arquivos e textos que estão sendo explorados nas revistas que publicaram.
Assim, esse período sobre o qual tão pouco sabemos tem despontado e
podemos compreender melhor suas experiências.
Uma dessas evidências da atuação dos imigrantes é um boletim escolar,
identificado como da Escola Batista em Dourado, foi encontrado entre as
doações de livros enviados à Fazenda Palma (Figura 5)
 Figura 5 – Boletim de Anna Rook, da Escola Batista em Dourado, mantida por
imigrantes letões

Legenda: Douradas baptistu draudses: Igreja batista de Dourados; pirmmahzibas skola: escola
primária; Leeziba: Boletim/Atestado; par sekmem 1926. mācibas gadā: pelo sucesso no ano
escolar de 1926; 1ª klases skolneecei: aluna da 1ª turma; Sekmes mahzibas preekschmetos:
Resultados acadêmicos; Tizibas mahzibas: Ensino religioso; Latw. wal.: Língua letã; Portug. wal.:
Língua portuguesa; Rehķinaschana: Cálculo; Usweschanas: Comportamento; Zentiba:
Assiduidade; Skolotaji: Professores;
Manuscrito: Puslīdz: Razoável; Labi: Bom; Vidēji: Médio; Apmierinoši: Satisfatório.
Fonte: Arquivo da Fazenda Palma.
Identificou-se nos arquivos da Hospedaria de Imigrantes que Anna Rook
deu entrada em 29 de janeiro de 1923. Tinha seis anos e acompanhava seus
pais, Herman e Anna Rooks, de 43 e 32 anos, respectivamente, além dos irmãos Peters (12 anos) e Arvide (1 ano). Casou-se em 1943, com Edgard Eglits,
também imigrante letão, que morava em Varpa. Na certidão de casamento,
constou que Anna nasceu em 8 de junho de 1916, estando então com 10 anos,
à época da emissão do boletim escolar.
Os professores que o assinaram foram a jovem Zenija Graikste, do grupo
de Varpa, e Jānis Iņķis jun., que falava português, pois havia chegado ao Brasil
em 1921, junto com seus pais, para atuarem na Igreja Batista em Nova Odessa.
Entende-se que a Escola Batista de Dourado era direcionada às crianças
imigrantes letãs, devido ao conteúdo ministrado, que incluía a escrita e a fala da
língua letã. Porém, pode ser possível que outras crianças tenham participado
das atividades, principalmente da Escola Dominical da Igreja Batista de Dourado,
que organizaram. O que pode levar a essa hipótese é a história do jovem órfão
Lázaro Jorge de Camargo (Figura 6), que segundo Ronis (1974), foi adotado por
uma família letã e levado à Fazenda Palma, quando o grupo saiu de Dourado.
Figura 6 – Fotografia de Jorge Lázaro de Camargo com Jacó Tupes, imigrante
letão

Fonte: Arquivo pessoal de Milia Tupes, sem data ou local, autorização concedida à autora.
A Igreja Batista de Varpa apoiou que Lázaro estudasse no Colégio Batista
do Rio de Janeiro, onde se tornou pastor de uma igreja. Krievinš (1987), em seu
relato, rememorou um episódio:
Lembro-me de um incidente há muitos anos, na Igreja Batista Letã de
São Paulo. Pouco antes do início da reunião de serviço, uma senhora,
vendo um homem negro na porta da igreja, gentilmente o avisou,
dizendo que a reunião seria apenas em letão. “Tudo bem”, responde o
homem negro, “eu falo letão!”. Acontece que o negro, brasileiro, Jorge
Lázaro de Camargo, cresceu em “Varpa”, na fazenda coletiva “Palma”,
e aprendeu letão. Mais tarde, esse mesmo homem negro completou
seus estudos no seminário e se tornou pastor batista e, em 1972, no
50º aniversário de “Varpa”, pregou um sermão em letão na igreja
central.
Tupes (1976) também apontou em um artigo de jornal que Lázaro
compareceu às festividades de aniversário de 50 anos da Igreja Batista Leta de
Varpa e, na noite em que o culto seria em português, foi o único que falou em
letão. Há divergência entre os autores quanto ao seu nome, porém entendemos
ser a mesma pessoa, pela similaridade dos fatos.
Para os imigrantes, sair de sua pátria e buscar novas possibilidades em
um país estrangeiro requer flexibilidade para a assimilação de novos saberes.
As diásporas promovem, em alguns aspectos com maior repercussão aos
imigrantes, uma “educação dura”, pois eles “se desprovincializaram ao passar
de uma cultura a outra, mas também ajudaram a desprovincializar seus
anfitriões, ao lhes apresentar não apenas novos saberes, mas, sobretudo, novos
jeitos de pensar” (BURKE, 2017, p. 32).
A desprovincialização ocorre tanto com o imigrante, quanto com a
sociedade que entra em contato com ele. Em Dourado, os letões se depararam
com novas formas de trabalho e possivelmente foi o primeiro contato mais
prolongado com brasileiros, desde a sua chegada, permitindo conhecerem os
hábitos e costumes da nova pátria. À comunidade de Dourado, os letões
trouxeram uma perspectiva diferente de outros grupos de imigrantes, ao
organizarem atividades educativas e religiosas da cultura batista letã.
Por fim, ainda temos uma última citação a apresentar. Em 1926, ao
retornarem para a Fazenda Palma, J. Rosemberg iniciou a produção de uma
revista chamada Jaunais Lihdumneeks (Jovem Desbravador). Era direcionada
ao público jovem e de conteúdo bastante variado, com informações sobre
acontecimentos, poesias, contos e orientações de cuidados com a saúde.
Um dos artigos publicados no primeiro número abordava a Leishmaniose
cutânea, ou ferida ulcerativa de Bauru. Nele, havia explicações sobre a
transmissão da doença, os cuidados para evitá-la e os tratamentos indicados. Otexto foi escrito em maio de 1926 e assinado pelo Dr. Almeida Santos, sendo
traduzido para o letão por J. Iņkis jun., que apontou: “Este texto é dedicado
diretamente a ‘Jaunais Lihdumneeks’, do respeitado médico do condado de
Dourado, Dr. Almeida Santos”.
Com ajuda de Deo Demeti, pude conhecer um pouco dessa personalidade
que atuou em Dourado e colaborou com os imigrantes letões, não somente na
escrita, mas também na assistência à saúde. Por meio da pesquisa realizada por
Demeti, baseada em indícios que compartilhei, ele identificou que alguns
imigrantes estão sepultados no cemitério de Dourado. Ao conferir os registros,
encontrou cinco declarados como naturais da Letônia e quatro destes óbitos
foram constatados pelo Dr. A. Santos.
Um desses imigrantes era o jovem Peteris Leepinsch, o primeiro óbito
identificado de imigrante letão falecido em Dourado, em dezembro de 1924. Um
artigo foi publicado em sua homenagem em 1930, no Gada Grahmata (Livro do
ano), uma publicação da Juventude letã no Brasil (Figura 7), impresso na
Fazenda Palma.
O autor do artigo foi Deenwidneeks, um dos pseudônimos usados por
Robert Vaver, que era poeta e músico e atuou como líder do coral batista em
Dourado. Na primeira frase do texto, o autor apontou que na Fazenda Dourado,
em 21 de dezembro de 1924, “partiu dessa terra para uma vida melhor” o jovem
Peter Leepinsch, com 34 anos. No texto, ele expressou a perda do amigo que
faleceu jovem, sua personalidade vibrante e sua amizade, desde que
frequentavam a Igreja de Matheus, em Riga, na Letônia. Foi o único obituário da
edição, sendo assim uma homenagem ao jovem imigrante letão
Figura 7 – Recorte do artigo em homenagem a Peter Leepinsch, com sua
fotografia

Fonte: Arquivo da Fazenda Palma.
Assim, entre tipos e cafés, a cidade de Dourado tem uma importância na
história dos letões que fundaram Varpa, em especial relacionada à imprensa dos
imigrantes. A possibilidade de trabalho nos cafezais proporcionou que Varpa se
desenvolvesse e também que sua imprensa iniciasse.
A tipografia da Fazenda Palma foi restaurada em 2022, em comemoração
aos 100 anos da fundação da colônia, e está em exposição para acesso ao
público, uma possibilidade de conhecer uma parte da história da imprensa
fundada por esses imigrantes (Figura 8).Figura 8 – Prédio da tipografia da Fazenda Palma e fotografia de seu interior,
onde está exposta a Minerva comprada por J. Rosemberg e J. Bukmanis


Fonte: Arquivo pessoal da autora.Sibila Lilian Osis
Sibila Lilian Osis
sosis@uea.edu.br
Aluna de Doutorado do Programa de Pós-graduação em Educação - PROPED
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Núcleo de Ensino e Pesquisa em História da Educação – NEPHE
Bolsa de Doutorado pelo CNPQ
Docente da Universidade do Estado do Amazonas – UEA
Referências
ARANHA, Antonio Carlos Botelho Souza. Carlos Botelho: nasceu no século XIX,
viveu no XX e vislumbrou São Paulo do século XXI. São Paulo: Antonio Carlos
Botelho Souza Aranha, 2011.
BRŪVERS, Arnolds. Latvieši Palmu zēme, 1970.
BURKE, Peter. Perdas e ganhos: exilados e expatriados na história do
conhecimento na Europa e nas Américas, 1500-2000. São Paulo: Editora
UNESP, 2017. 299 p.
DEENWIDNEEKS. Peters Leepinsch. Brazilia Latviešu Gada Grāmata, 1930.
DINBERGS, Art. Atminas iz Brazilijas. Kristīgā Balss, n. 18, 15 september, 1925,
p. 509-511.
DSINTARS. Sapņotajs. Jaunais Lihdumneeks, n.1, 1929, p. 54-57.
KRIEVIŅŠ, Emīls. MŪŽA MEŽA MALDI ATMIŅAS PAR LATVIEŠU KOLONIJU
„VĀRPA”.
Jaunā Gaita,
n. 162, 1987. Disponível em:
https://jaunagaita.net/jg162/JG162_Krievins-par-Varpu.htm. Acesso em: 9 abr
2022.
LETÔNIA BRASIL... Livreto sem autoria, 198?.
RONIS, Osvaldo. Uma epopéia de fé: a história dos batistas letos no Brasil. Rio
de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1974. 633 p.
TUPES, Milia. Varpa: uma colônia de origem leta (66). Jornal Superior, 22 de
novembro, 1976, p. 5.
TUPES, Milia. Da aurora ao crepúsculo – estudo sócio-religioso da colonização
leta de Varpa e comunidade de Palma. Rio de Janeiro: Junta de Educação
Religiosa e Publicações da Convenção Batista Brasileira, 1988. 126 p.
VASSILIEFF, Irina. Imigração leta no Brasil: a experiencia da colônia de Varpa
na Alta Paulista (1922-1964). Dissertação (Mestrado em História) –
Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1979. 

FONTE: SIBILA LILIAN OSIS
ARQUIVO: CASA DOS PAPÉIS