segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

CASA DOS PAPÉIS-233: O MARIANO - NUM.13

 
 
O MARIANO - NUM.13 - ANNO I - DOURADO, 21 DE FEVEREIRO DE 1935
 
Mais uma pagina de luto nas curtas
efemérides Marianas de DOURADO
Morreu o congregado mariano, DOMINGOS FAILLA
E com esta morte perdem, a CONGREGAÇÃO MARIANA, o seu 1º Secretario, e a cidade, um rapaz correcto, que gosava de universal sympathia. O enterro foi sincera explosão de condolência que o povo todo tributou à infelicidade do bem estimado moço.
- A DOENÇA -
E'ra 2ª. feira, dia 28 do passado Janeiro. Terminada a reunião mensal da Directoria Mariana, na Sede, o FAILLA deixava o nosso prédio onde jamais voltaria.
Na reunião esteve como sempre optimista e zeloso pela Congregação. Nem uma só palavra nos disse, que fosse revelação da bem certeira doença.
No dia seguinte soube-se na Sede, que o FAILLA estava doente.
Alguns Congregados foram até o domicilio de seus paes com a doble missão de visital-o adquirir noticiais.
Passaram vários dias sem ninguém desse importância ao caso.
Mas chega o Sabbado, dia 2 do corrente, e quando até tínhamos já esquecido do FAILLA - doente, recebemos a noticia de ter sido trasladado para Araraquara afim de ser submettido com urgência, a uma intervenção cirúrgica.
Desde então, a doença do FAILLA constituiu a única preocupação de toda esta casa de irmãos e mesmo da cidade. As alternativas da doença recebiam-se aqui com interesse e todos os corações batiam ao uníssono do perigoso processo.
A noticia de uma ligeira melhora lia-se em todos os rostos e a comentavam todas as línguas. Tanto se queria ao FAILLA!!!
Do dia 5 em diante, seguem uma após a outra as rotações, com amigos, a caminho de Araraquara. Até o nosso Vigario quiz dar essa prova de apreço ao doente Congregado, voltando todos satisfeitos por terem vivido daquella enorme fé, do amigo doente; e ao mesmo tempo entristecidos porque naquelle quarto nº 10 da Santa Casa, iam morrendo, uma a uma, todas as suas esperanças. E'ra assim o estado ruim do querido douradense.
Mais treis dias de forçadas esperanças, e veio o Sabbado 9 ...FAILLA morreu!!!
Como a pedra cahindo nas aguas mansas do lago, vae descrevendo circunferências que galopam; assim aquelle telegramma veio comover toda a cidade.  Dez minutos depois, a noticia chegava ao ultimo canto.
- O TREM ESPECIAL -
Os chefes e empregados da Douradense quizeram render-lhe o merecido tributo de trazer em DOURADO, o cadáver do extincto colléga, para isso organiza-se um trem especial com trez carros.
Amigos, collégas congregados e o povo todo queriam um logar na expedição, para receber o cadáver.
O trem partiu às 16 horas. Após uma hora... devagar, sereno, com uma magestade de homenagem fúnebre, entrava na Estação de Java. Lá estava o rico caixão onde a doença guardou uma força moça vencida à barbara pujança da morte.
- A CHEGADA EM DOURADO -
Chovia...o povo em massa esperava na estação e ruas próximas, a chegada do especial. E'ram débeis os pingos daquella chuva vespertina para segurar nos próprios lares o povo douradense.
Chegou o trem. Silencio profundo...o caixão em mãos amigas vae descendo pelas ruas da cidade até o domicilio dos doridos paes. É a ultima jornada na procura de tão conhecido lar.
- O ENTERRO -
Domingo, dia 10, às 8 1/2, o cadáver do saudoso FAILLA, ia para o seu derradeiro destino. O acto foi simplesmente sublime.
As Congregações da Parochia com distinctivo e estandarte, os chefes e todos os seus collégas de serviço, a Banda Municipal e um povo immenso juntam-se para manifestar os seus pezames no acto do sepélio. Que lindo cortejo se não tivesse como cousa uma pancada da morte.
- NO CEMITÉRIO -
Ainda faltam as postreiras homenagens: A oração da Liturgia Catholica subindo ao céu para encommendar aquelle corpo que vae para a mãe-terra. Após umas palavras sentidas dos Srs. MANOEL J. RELLO DE ARAUJO e DYONISIO TAVANO, este ultimo Congregado Mariano; e no fim...lágrimas...muitas lagrimas cahindo de tantos olhos avermelhados que choravam com a partida do infortunado moço.
Que mais? Depois... p caixão sumindo-se na cova escura, onde o cadáver assistirá, com impassibilidade de esphinge, o galopar dos tempos.
A gente retorna à cidade e sobre aquelle tumulo branco; entre os galhos daquellas arvores verdes, volta posar-se, a paz e solidão do cemitério.
Quão sós ficam os mortos...
- OS VELHOS FAILLA -
DOMINGOS desce à campa fria arrastando o porvir d'um casal de velhos; são os inconsoláveis paes do FAILLA.
Exemplo de bom filho viveu o moço elles para elles.
E'ra elle o seu sustento e apoio de sua velhice; e elle seria a sua alegria nas postreiras tristezas da vida.
E'ra elle, em fim, a vida inteira do lar paterno e a joia ainda engastada na corôa dessa paternidade fecunda; e é por isso que após a pancada bruta da catástrofe sangrenta,  choram hoje sem consolo a egida do DOMINGOS, do caçula, do seu querido DOMINGOS.
Para uns paes estas mortes prematuras têm sempre amarguras tão occultas que ninguém pode apreciar. Só elles! Só elles! Só as suas entranhas de paes que podem medir o fundo da pena e o largo da dôr. Só elles que numa suprema desgraça, soffrem o martyrio horrível de sobreviver aos funeraes do seu próprio coração.
E JUNTO AOS VELHOS
- FAILLA...-
Há outro ser que chora e soffre com quasi a mesma intensidade. É élla... é éllla uma jovem. uma noiva. A noiva do infortunado DOMINGOS.
CARMEN DOS SANTOS, tem sentido o desabamento d'um lar que a sorria já cheio de alegrias e esperanças. E sozinha está vivendo também à desgraça porque ninguém pode juntar-se-á partilhar a sua dôr , que é única, immensa, trágica.
Para élla, todoo nosso respeito, a nossa condolência, os nossos pezames sinceros, assim como, aos enlutados velhos "FAILLA".
- FLORES-
Apresentaram flores, inúmeras senhoritas e distinctas famílias DOURADENSES, cujos nomes deixamos de publicar para evitar possíveis e lamentáveis omissões.
- AGRADECIMENTOS -
A Congregação Mariana de Moços, agradece a todas as pessoas que prestaram homenagens ao seu caro irmão e dedicado Secretario, DOMINGOS FAILLA, com vocação do seu enterro.
Agradece d'uma maneira especial ao Revmo. Vigario, às Congregações, ao Coro da Parochia e a Corporação Musical da cidade.
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CATECISMO
Domingo, às 12,15 e nos demais dias das 6,30 às 7,30 haverá catecismo para as creanças, na Matriz. Interessem-se os paes pela instrução religiosa dos seus filhos e vigiem-os para não faltarem as estas lições que lhes são tão uteis. 
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REUNIÃO MENSAL
Domingo dia 24, às 2 horas da tarde celebrar-se-á a reunião mensal do apostolado da oração na Matriz, suplica-se o comparecimento de todos os Congregados.
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NOTAS SOCIAES
Anniversarios:
Fizeram annos:
Dia 12, a esforçada Directora do Côro Parochial, Srta. GENY FADUL.
Dia 14, a Sra. D. MARIA C. CARDOSO, esposa do Sr. MANOEL CARDOSO.
Dia 17, RUBENS, filho do Sr. JOSÉ GROBA
Dia 18, a Sra. EDITH S. DEL CIEL, esposa do Sr. GAUDENCIO DEL CIEL, Almoxarife da C.D.
No mesmo dia, RUDNEY, filho do Sr. PEDRO NONNO.
 
Fazem annos:
Faz anos hoje a menina CONCEIÇÃO, filha do Sr. EDMUNDO D'ABRUZZO e de BEATRIZ C. D"ABRUZZO.
- A Srta. BRASILINA BERTOSSE.
- Sr. ALBERTO TAVANO, gerente da CASA POPULAR.
- Amanhã, WILSON, filho do Sr. FINISTRO D'ABRUZZO.
Dia 24, o menor SERGIO, filho também do Sr. PEDRO NONNO.
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NASCIMENTO
Dia 5 do corrente, foi enriquecido o lar do Sr. JOSÉ GROBA e exma. esposa, com o nascimento de uma filhinha que na Pia Batismal recebeu o nome de AGUEDA.
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ELEIÇÃO DA GONGREGAÇÃO MARIANA
Realizou-se no dia do corrente, na Matriz local, a eleição para a posse de diversos cargos, que, apurada no mesmo dia, verificou-se o seguinte resultado:
- Para Thesoureiro: Sr. JOÃO PERRONE, 36 votos.
- Para 2º Secretario: Sr. LUIZ DELPHINO, 18 votos.
- Para 1º Conselheiro: Sr. ANTONIO JUSTO, 18 votos.
- Para 2º Conselheiro: Sr. DYONISIO TAVANO, 7 votos
Esperando desses novos Directores os esforços necessários, apresentamos os nossos sinceros parabéns.
 
ARQUIVO: CASA DOS PAPÉIS
 
 


 
 
 
 

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