segunda-feira, 11 de setembro de 2017

CASA DOS PAPÉIS-59: DOURADO MEU AMOR




DOURADO MEU AMOR
Dourado, minha Dourado
Eu não queria ir embora...
 
Dourado onde é que estão
as moças de antigamente?
As sinhazinhas de olhos
mortiços e tão arteiros,
sob os graves reposteiros
das pálpebras enganosas
que vigiam o moço
de bruço, sob os portais,
esses portais tão solenes
 dos casarões assombrados,
de solenes candelabros,
e largas tabuas corridas?
As casas ai estão
mas onde estão as sinhás?
 
Dourado, não sou teu filho,
confesso, é minha tristeza,
mas quero sê-lo adotivo
se tu quiseres, Dourado...
Minha Dourado o teu chão
podia também ter sido,
- há tantos anos passados -
também o meu chão de infância;
Eu poderia jurar
que medo eu não teria
dos teus graves casarões;
e amaria tuas ruas,
e subiria nas tuas
belas arvores frondosas,
e com os outros moleques
roubaria muitas frutas,
e quebraria muitas vidraças,
e sairia voando
por esses prados verdes
em maluca debandada
em arrojada demanda
do teu horizonte infinito...
 
Dourado, minha Dourado
eu não quero ir embora...
 
Tu és toda impregnada
de tão sutil poesia,
o teu povo é hospitaleiro,
é bom, alegra, e fraterno,
e as tuas moças, Dourado
são lindas como acácias
que nas manhãs luminosas
refulgem os raios de ouro
desse teu sol de van Gogh
 
Eu vou, mas volto um dia,
por teu povo acolhedor,
e pela poesia,
pelos olhos de tuas moças,
eu hei de voltar, Dourado,
eu voltarei, sim, um dia!
com a prematura saudade
de NELSON ONOFRE

JORNAL DE DOURADO-Nº282-ANO VI-DOMINGO, 12 DE FEVEREIRO DE 1967


DOURADO-1972



Um comentário:

  1. Deo, boa tarde.

    Pesquise o site :

    http://www.estacoesferroviarias.com.br/trens_sp_3/ciadourado.htm


    https://books.google.com.br/books?id=GLyxeRbNbfQC&pg=PA84&lpg=PA84&dq=douradense&source=bl&ots=P3KFv2l3-M&sig=VHKebK67POnVgMJtm-EAIvVK2vo&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwj2oYLey_XWAhXMGZAKHYGYBH84ChDoAQgxMAI

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