segunda-feira, 5 de agosto de 2019

CASA DOS PAPÉIS-208: A UNIÃO - NUMERO 5


ONTEM  E  OJE
Adelino Franco

O dr. ODULFO PAIVA BARACHO, investido na Superintendencia, continuou trabalhando para o desenvolvimento da CIA. DOURADO, imitando o seu antecessor CIRO MARCONDES REZENDE, que embora afastado por motivo de aposentadoria, dedica à obra de sua iniciativa um amor definido acompanhando todo o seu evoluir até a ultima hora de sua existência com o mesmo interessada sua atividade e isto naturalmente, porque conhecia do seu valor e sabia do futuro que estava reservado para a sua empresa. Ainda tudo isto nos poderá confirmar o dr. JOSÉ ADOLFO MUSA, que, graças à Deus ainda nos está visinhando, pois ele também acompanhou a marcha muito de perto e com bastante empenho, nós não tivemos a felicidade de sermos seus subalternos, mas nos vestígios deixados na sua administração vemos claramente o seu esforço e o seu valor administrativo.
LUIZ CARVALHO, que tivemos a infelicidade de vê-lo descer ao ultimo degrau da escada social, que muito lhe custara a ascensão, arrastado talvez pelo cançaço e outros fadários da vida de um homem, também nos poderia narrar fatos importantíssimos, de utilidades para a nossa modesta historia, e citamos o seu nome, não somente por o merecer, como também por ouvirmos dos veteranos da estrada, com saudades os sucessos de sua mocidade.
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Pois bem, querer negar, ou querer desconhecer, os benefícios e melhoramentos do dr. ODULFO PAIVA BARACHO, seria ingratidão, porque eles aqui ficaram. Em primeiro logar, tratou de melhorar o salario da classe ferroviária, simultaneamente, outros melhoramentos de grandes proveitos, que não nos ocorrem na memoria. Entretanto citemos um dos mais significativos que se nos afigura, é o alargamento da bitola de 0,60 cents. para 1m00, de TRABIJÚ à DOURADO. Nesta reconstrução soube aproveitar o material em condição, usando da precisa energia para que fosse terminada no menor tempo possível, auxiliado pelo hábil engenheiro dr. NORBERTO CAMARGO, chefe da linha então, e este com o mesmo esforço, era auxiliado pelos competentes Mestres de linha, srs. JULIO ALVES e ANTONIO ROSA - que também não desconheciam da vantagem do alargamento. Desejavamos ainda citar dos valentes feitores que tomaram parte neste empreendimento, mas não nos acodem à mente, todavia, eles ainda vivem, apreciando a utilidade da obra, para a qual cooperaram com os seus braços e viva bôa vontade.
Foi assim que a sub - oficina de TRABIJÚ fora incorporada às oficinas de DOURADO, e as locomotivas e veículos de bitola de 1m00, se transportaram à ela, para as suas reparações, etc., ficando extinto o processo adotado para transportes sobre truques de 0,60 cents. E foi daí, que DOURADO ficou dotado de mais um melhoramento que muito justamente o entusiasmou.
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Enquanto PAIVA BARACHO, preocupava-se no campo do desenvolvimento, na contadoria em São Paulo, o snr. ALFREDO CARVALHO BRAGA, como Contador operava admiravelmente na contabilidade.
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Snr. JOSÉ DELCIEL, cançado do trabalho, na sua velhice, aposentado, apreciava o desenrolar das cousas.
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O Sr. ALFREDO CARVALHO ARAUJO, então almoxarife, determinava a distribuição do material às estações, com o amor de sempre; assim como o sr. BENEDITO DE OLIVEIRA, Secretario da Superintendencia desempenhava o seu cargo com admiravel desembaraço, correspondendo assim, a escolha do seu chefe.
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Os srs. NICOLAU DELCIEL e DOMINGOS FONTES, no Departamento de Movimento, faziam distribuição de veículos, determinavam os seus melhores aproveitamentos, e escalam os trens para dar vasão ao transporte formidável da éra; enquanto o sr. JOSÉ DA COSTA, no deposito de TRABIJÚ com sua reconhecida competência, tratava de reparações de emergências, zelando enfim daquilo que fôra confiado ao seu cuidado.
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O sr. JOSÉ PLACERES, nas oficinas em DOURADO, nada deixava sofrer, desnecessário é mencionarmos a sua administração, porque é conhecida por todos os ferroviários. CARLOS CORRÊA LEMOS, auxiliava-o esforçadamente, na parte referente a escrituração da sua repartição, para o engrandecimento do seu Chefe.
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Tantos outros capítulos nos falham, mas os homens dos quaes tratamos, com excepção do sr JOSÉ DELCIEL, ainda vivem no nosso meio e eles não desconhecem que tudo que modestamente está sendo historiado é a realidade.
Finalmente, dr. ODULFO PAIVA BARACHO, deixando o seu cargo, foi sucedido pelo dr. WASHINGTON MARCONDES FERREIRA.
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Estampado nesta coluna o cliché do sr. ALFREDO C. ARAUJO, cavalheiro de notável cultura e funcionário dos mais ilustres da ESTRADA, onde exerce a espinhosa e honrosa missão de Caixa Pagador, o fazemos como preito da admiração que lhe devotamos certos que não ferimos a sua modéstia, apanágio dos bons e dos justos.
Esta pálida homenagem devíamos ter prestado por ocasião da nossa estréa no circulo da imprensa paulista, no entanto o extravio de sua fotografia privou-nos desse gesto a que tanto fáz jús o sr. ALFREDO C. ARAUJO.
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SOCIAIS
ANIVERSARIO
Fez anos:
No dia 2 do corrente, a graciosa menina MARIA, filha do sr. GUILHERME MURBACH e d. LUCIA M. MURBACH.
- Na mesma data, o sr. SANTO BARDI, correto funcionário das oficinas e elemento de destaque do futebol "FERROVIARIO".
Parabéns.
LAR EM FESTA
Está em festa o lar do sr. JOSÉ FERREIRA GOULART e de sua exma. esposa, da. CARMEN SANCHES, com o nascimento de mais uma bela menina.
Parabéns.
OS QUE VIAJAM
Viajou para S. Paulo o sr. dr. BORJA CARDOSO, digno Prefeito Municipal desta cidade. S.S. pelo que consta, dirigiu-se à Capital no louvável intuito de dar proseguimento à defeza dos interesses da população desta cidade na questão da reforma do Contrato com CIA. FORÇA LUZ DE BROTAS, em cujo empreendimento tem sido incansável.
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Chegará amanhã a esta cidade, procedente de Marilia, o sr. ALFREDO AUGUSTO ARAUJO, progenitor do sr. ALFREDO C. ARAUJO, Caixa Pagador da CIA. DOURADO.
O sr. ALFREDO AUGUSTO ARAUJO já residiu nesta cidade, onde foi Prefeito Municipal por mais de vinte anos.
Sua chegada é ansiosamente aguardada pelo grande numero de amigos que conta em nosso meio.
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ENTRE NÓS
Acha-se entre nós, novamente, a senhorinha NOEMIA, filha do sr. LEONARDO RUSSO, digno encarregado da secção de torneiros.
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O´ Mocinho!...
Já se passaram tantos anos.
Já o ritimo da estrada teve a sua modificação. Já vai longe o tempo em que a C.D. era dirigida por CIRO REZENDE, e nem porisso esquecemos do seu temperamento fleugmatico, imperativo e sadio. Não esquecemos e parace-nos ouvir a todo instante a sua vóz de comando <<O' mocinho!...>>, antes do determinar de qualquer ordem de serviço. Parece-nos, vê-lo sempre com o seu lenço rubro no pescoço, sob os raios escaldantes do sol de outubro a percorrer os longos desvios desta TRABIJÚ, numa solene demonstração de amor pela obra que imaginára na sua mocidade e a havia colocado no caminho da realização.
CIRO DE REZENDE, morreu. Morreu para a vida terrena. Mas não morreu o seu espirito. Vive a sua memoria. Vive os seus empreendimentos.
É em torno dessa aureola que circumscreveu a sua passajem na terra, um pugilo de homens alheios as lides ferroviárias e outros dessa classe, estão empregando o máximo dos seus esforços para glorificar os seus feitos pleiteando a mudança do nome TRABIJÚ, para "CIRO REZENDE".
Notável por todos os títulos essa idéa, carecia ter o apoio incondicional de todos os que conheceram aquele emérito  benfeitor da ESTRADA. Ela traduz na singeleza do seu fim a grandiosidade de um preito de saudade, de justiça e de veneração.
Como um dos mais humildes funcionários da C.D. não escondo o meu voto, congratulando-me com todos os que estejam empenhados nessa dignificante tarefa que é a de tornar TRABIJÚ uma cidade com o nome de "CIRO REZENDE".
J. SAMPAIO
Ciro Rezende-Outubro-1931   
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LITERARIAS

Reminiscencias do passado 
Ao alvorecer d'uma manhã de rigoroso inverno, abafado entre soluços, estreitei em meus braços os autores de meus dias, era despedida. Ia partir destinado à terras longínquas.
Meu coração em evoluções horríveis, fazia com que incessantes lagrimas inundassem-me as faces.
Que saudades trouxe do lar paterno, e daquelas solidões LUSAS!
São decorridos alguns anos, e oje sinto ainda as reminiscências d'aquela manhã rígida e fria!...
A.G.P.
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Jornal "A UNIÃO"- NUMERO 5 - ANO I - 7 DE NOVEMBRO DE 1931
ARQUIVO: CASA DOS PAPÉIS/FAMILIA GAUDENCIO DEL CIEL
 

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