quinta-feira, 18 de junho de 2020

CASA DOS PAPÉIS-256: A UNIÃO - NUMEROS 7 e 8

 
 
A UNIÃO - NUMERO 7 - ANO I - 21 DE NOVEMBRO DE 1931
DR. W. VÉRAS
Adelino Franco
É o Dr. WALDERICO C. VÉRAS o quarto Superintendente da Cia. DOURADO. As suas palavras expressas em 31 de Dezembro de 1928, quando assumia a sua direção de "Esperar dos seus funcionários e da sua parte de fazer todo o possível para vencerem com galhardia todos os obstáculos que se lhe antepusessem", para que ela continuasse a ser sempre digna do grande conceito que possue, foram recebidas de bom grado e cumpridas com patriotismo e tudo isto, iremos descriminando no decorrer da história  por ser um dos trechos áspero e pedregoso, digno portanto  de figurar num dos episódios da vida da Cia. DOURADO, porque ainda mais uma vez ficou patente que os esforços empregados pelo seu fundador snr. CIRO MARCONDES REZENDE, não eram inúteis e persistem,  para que a sua obra erguida com sacrifício e amor chegue ao fim da sua jornada com sucessos.
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Começamos pela sua energia administrativa que se nos apresenta como o ponto de partida, e no entanto, si não fôr de nossa alçada, certamente a excusa não ser nos á negada. Corrigir diplomaticamente os erros sem distinção de classe é fato de extraordinário valor. Achamos que corrigidos, somos gratos, porque a reincidência ficará bem distante. Punir quando merece. Muito natural, porque si não fossemos punidos, as nossas faltas não seriam remediadas e nos levariam ao auge da disciplina anarquisada. Elogiar quando o ato é digno. Nada mais justo. Somos contrários a idea de que um empregado ganha para trabalhar, não devendo por motivo nenhum ser elogiado. Pleno engano, , porque a escravidão foi abolida, e o bom ato oje é reconhecido. É verdade que o empregado ganha para trabalhar, não fazendo mais do que a sua obrigação cumprindo com o seu dever. Não contestamos, mas também não ér menos fato, que ele não poderá ser esmagado pelos seus inconscientes erros, negando se-lhe  todo o seu bom serviço. E a norma de s.s. é punir quando merece e elogiar quando o ato faz jús.
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Passemos agora, numa das mais uteis que destacamos, das tantas obras e artes levadas a efeito que pe devida ao Dr. ALEXANDRE CESAR COCOCI que, desde a sua investidura da Chefia da Linha vem procurando no seu campo de ação inteligentemente as soluções para os problemas que precisam ser resolvidos. E foi assim que as aguas do rio Jacaré Pepira, encontraram uma solução para que nas suas enchentes não pudessem impedir o trafego de trens no kilometro 35 B. da linha de Bariri, numa extensão de 500 metros, em que o grade da linha foi suspenso até a altura de 2 metros, construindo trez pontilhões provisórios para o seu escoamento. Dai foi, que, depois de muitos anos aquele local deixou quasi anualmente ser um ponto do espetáculo natural que dava boa impressão aos seus espectadores, com maiores ônus e trabalhos para a estrada, com a travessia de passageiros e encomendas limitadas nos seus pesos, em trolis da linha ou canoa quando, a altura da agua impedia o transito primeiro.
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Ainda neste ano foi terminada a troca de trilhos antigos, pelos os dos tipos A.S.C.E. do marco zéro ao marco do kilometro 18 da linha de Ibitinga.
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Entremos agora na administração na administração econômica de S. S.. Da crise fenomenal desencadeada nos princípios de 1929, sobrevieram graves perturbações econômicas e financeiras, mas a confiança  que inspirava a grande utilidade da empresa fez com que ela não fosse esmorecida e que, apesar dos grandes sacrifícios se construíssem todas a obras que que as circunstancias mencionadas pareciam afastar. S. S. lançou mão do recurso econômico para o equilíbrio, sem prejuízo para a classe ferroviária. Foi pouco. De dezembro de 1929 a abril de 1930 os déficits haviam montado num total 356:703$954. Extraordinário. É claro que a renda havia decrescida consideravelmente e era insuficiente para o custeio, mas qual, s. s. não desanimou  e o pagamento  para os funcionários não atrasara até oje, podemos dizer nem de um dia. Estudou novos planos e achou que um desconto provisório nos ordenados daria impulso, e não pesava à classe. Efetivamente essa deliberação foi ótima e assás acertada tendo inicio em junho de 1930. E si dizemos que produziu efeito é porque em agosto deste ano já tínhamos um aumento de 5% em o nossos vencimentos.
Era vóz corrente que o naufrágio da Cia. DOURADO  em 1931 seria inevitável. Falhou porem o presagio. E sabem os nossos colegas porque? Digamos: um navio bem comandado dificilmente poderá ser tragado pelas aguas do oceano. E a prova está exposta aos nossos olhos. Levantemos os braços para o céo agradecendo à Deus e compreendamos bem o esforço duma patriótica administração. E entendamos ainda, que o altruísmo e a filantropia não foram abandonados nesta dura etapa e, comentamos com base, porque, s. s. e o sr. BENEDITO DE OLIVEIRA, Chefe do Trafego, conhecedores das dificuldades que apresentavam à classe operaria e para que não fosse aumentado o numero de desempregados no momento mais aflitivo, resolveram ao envés de dispensarem os funcionários mais novos transitoriamente, reduzirem os seus vencimentos com equidade. Verdadeiro exemplo humanitário.
Pensavam nos lucros da empresa e não despresávam também os membros da comunidade cristã.
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Eis presados colegas a realidade. O valor do amor ao trabalho. O valo de um espirito administrativo. Os esplendores de um coração. Venceram podemos dizer, as mais rígidas dificuldades que eram esperadas  por s. s., vencido com heroísmo e bravura administrativa. E só um gênio, assim o pronunciamos, podia opor fortes barreiras às causas que nos ameaçava atingir.
Pensemos bem. E compreenderemos que a ruina que ameaçava a nossa distribuição foi rebatida com energia, para que nós não baqueássemos e a obra solida erguida com milhares de sacrifícios não fosse à pique. Continuemos na labuta para elevarmos o nome de nosso Superintendente e para que possamos ver essa mesma obra maior e cheia de grandezas amanhã.
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CAFÉ
Na primeira quinzena de Novembro, a Cia. DOURADO recebeu nas suas estações: 54.652 sacos de café a Santos (seriados), 374 sacos de café a São Paulo (seriados) e, 892 sacos de café a outros destino não seriados.
E entregou em Ribeirão Bonito a Cia. Paulista, ponto de contacto, 20.198 sacos. Dias uteis 11. Média de entrega por dia útil 1.836,1 sacos.
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SOCIAIS
ANIVERSARIOS
Fizeram anos:
No dia 17, o sr. ANGELO VARELA, hábil pintor das oficinas C.D.
No dia 19 do mês corrente a menina THEREZINHA, filha do sr. MARIO LACERDA, guarda trens nesta cidade.
VIAJANTES
Para Tabatinga, EMILIO FANTINI.
São Carlos exma. snra. D. BEATRIZ DEL CIEL, viúva de JOSÉ DEL CIEL, ex-chefe de Trafego.
NASCIMENTO
Acha-se em festa o lar do sr. AURELIO MACHADO e D. HERMINA PLACERES MACHADO com o nascimento de sua filhinha que na pia batismal receberá o nome de MARIA DE LOURDES.
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TRABIJÚ
JUSTA GRATIDÃO
Se é com o fito de render uma homenagem e conservar uma recordação, que pleiteamos junto aos poderes competentes, para que seja dado à TRABIJÚ o nome de CYRO REZENDE, não desejamos que haja viciamento desse ideal coletivo sendo como é uma homenagem que se destina a ser uma glória dedicada a um homem como foi CYRO REZENDE cuja importância é demasiadamente conhecida.
O nome CYRO REZENDE traduz formalmente o pensamento dos que por ele guardam as vivas saudades e penhorada gratidão. Esperamos que esse ornamento para TRABIJÚ seja bem vindo.
Trabijú, 16/11/31 - J.S. 
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A UNIÃO - NUMERO 8 - ANO I - 28 DE NOVEMBRO DE 1931
 
Daqui há alguns anos a DOURADO será outra.
Já nos ocupamos longa e proveitosamente no tocante discernente proveitosa gestão de ilustres personalidades que estiveram a testa  na administração da ESTRADA, e daquelas que ainda oje se conservam nos seus postos, numa atividade fecunda, cujos reflexos de proficuidade se reluzem nos serviços já concluídos e noutros que estão seguindo o seu curso com admirável vantagem, mau grado a crise que nos assoberba.
Quizeramos dizer mais.
Ficamos porem por aqui, na espectativa de melhores oportunidades. 
Vamos, no artigo que ora abrimos esta pagina, precogitar com os olhos fitos no futuro, o que será a DOURADO, daqui há alguns anos; si bem que seja intuitiva a sua ascensão no cenário das grandes idealisações.
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A construção da linha férrea que está sendo atacada com proficiência de Ibitinga a Novo Horizonte, sob a competência do sr. Dr. GIRO MAROT e ROMÃO SENDÃO, si bem que de momento se subordine a um nome diferente da "DOURADO", tem todas as razões para pertencer-lhe com o decorrer dos tempos. É das suas oficinas que vão sair os veículos, as poderosas locomotivas para rodar sobre os trilhos da futura via-férrea. E é do seu conglumerado ferroviário que sairá o pessoal para preencher os cargos que vão se oriundar da formação do seu núcleo trabalhador. Todas as atividades serão emanadas da chefia da C. D., e dai a nossa firme convicção no traçar deste artigo.
Não está longe o dia de ouvirmos o apito sibilante do primeiro trem que, partindo de Ibitinga, demandará o sertão riquíssimo da zona ubérrima de Novo Horizonte. Riscando o espaço com espirais de fumaça alvi-negra da locomotiva, irá vencendo quilômetros num correr confortador que indica vida-nova àquelas paragens até então só conhecida dos Fords e Chevrolets. Esse trem será o mesmo que a DOURADO imaginára levar de Itápolis àquela bela cidade, que noutros tempos as gentes denominára de "Fugidos".
Apenasmente as iniciaes serão trocadas. O resto será tudo desta maravilhosa C. D., que o povo bom da zona a que serve só poderá bemdizer.
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A realisação desse importante desiderato, provará a lús meridiana o contrário do que disséra um cronista do jornal amigo, órgão dos ferroviários da araraquarense, quanto ao estado das nossas locomotivas. O seu humorismo jamais será esquecido por nós. E cremos mesmo que, para o bom decôro da ESTRADA as estações serão construídas  todas de tijolos, como o são as que nos servem agora, embora modestas, e sem o deslumbramentos que caracterisam as da via-férrea que ora ruma-se, também, para Mirasól.
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A "DOURADO", caminha, pois, para o seu triunfo. A boa vontade e perseverança existentes, nos seus administradores passados e presentes têm cooperado de modo brilhante para o seu progresso. 
 C.
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LITERARIAS
A DOURADENSE
 
A DOURADENSE que apita
Na curva do boqueirão
Deixa fita de fumaça
Tão velosmente que passa
Levanta poeira do chão.
 
Me lembro da boiadeira
Da noite em dupla tração
Puchando uma gaiolada
Dentro cheio da boaiada
Procedente do sertão.

Como são tristes essas noites
Cheia de recordação
Ouvir berrar a boiada
Numa noite enluarada
Na chegada da estação.

Lá do meu rancho aprecio
A DOURADENSE que vem
Flardeando o morro da serra
Onde tremido ela berra
Saudosa como ninguém.

Apita sua chegada
Repica o sino também
É goso p'ro maquinista
É prazer para o foguista
Orgulho do guarda trem.

De tudo tenho saudades
Do trem, da estrada, e patrão
De minha vida primeira
E da lida da carreira
O Zé Porfirio Bastião!...

Trabijú, Novembro - BIT.
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Leiam aos sábados  A UNIÃO
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SOCIAIS
Aniversarios
Transcorreu ontem a data natalícia da menina DAISY R. ARAUJO, filha dileta do sr. ALFREDO C. ARAUJO, digníssimo Caixa-Pagador da ESTRADA, e pessoa de alto conceito em os nossos circulos sociais.
Por esse motivo auspicioso houve em sua residência elegante festinha a que compareceram as pessoas de sua amisade.
Embora com atrazo, apresentamos à aniversariante os nossos parabéns.
Faz anos amanhã, a menina ZOILA MURBACH, filha do sr. GUILHERME MURBACH e de d. LUCIA MONTEIRO MURBACH.
Viajantes
Viajou para São Paulo, o sr. ROMÃO LUCENA encarregado da secção de torneiros da C. D., nesta cidade.
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Escola de Desenho
Em DOURADO, será fundada dentro em breve uma escola de desenho, sob a habilíssima direção do sr. ENRIQUE HUBELL, fazendo parte do ensino o sr. CARLOS LEMOS.
Esse novel estabelecimento de ensino muito contribuirá para o progresso desta cidade, onde o numero de crianças que anseiam um instrução aprimorada é apreciável.
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ARQUIVO: CASA DOS PAPÉIS/FAMILIA GAUDENCIO DEL CIEL
 

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