terça-feira, 30 de junho de 2020

CASA DOS PAPÉIS-258: JORNAL DE DOURADO - NUMERO 2










JORNAL DE DOURADO-NUMERO 2-ANO I - 3 DE FEVEREIRO DE 1962


Fechamento da Estação de SANTA CLARA:
Prólogo do Fechamento do Ramal TRABIJU-DOURADO 
SANTA CLARA reclama a reabertura da Estação
Necessidade de uma representação oficial junto ao Governo do Estado
Notas
 
As razões que levaram a Cia. Paulista de Estradas de Ferro ao fechamento da estação intermediária de SANTA CLARA, servidão da sua população, apresentada pelo seu Secretário-Geral, consistem no déficit do ramal DOURADO-TRABIJU, numa extensão de 14 quilômetros.
Por outro lado, a supressão em tela, decretada pelo Governo do Estado, foi confirmada pela secção de eletricidade, ao permitir à Cia. Agrícola Fazendas São Pedro, a travessia de uma linha de baixa tensão sobre a ferrovia.
Isto indica, positivamente, que, se não houver uma providencia em tempo, os trilhos serão arrancados, conforme está projetado.
Razões maiores estão com o povo de SANTA CLARA, contra o fechamento da sua estação ferroviária, depois de uma servidão cinquentenária.
Fortes razões estão com DOURADO que, berço de estrada de ferro, ficará desprovida desse importante melhoramento.
Nesta emergência, hajam por bem os Srs. Vereadores DOURADENSES, bem intencionados, indicar à Mesa do Legislativo, ou ao Sr. Chefe do Executivo, a grande conveniência de uma representação incorporada ou isolada, por ofícios, aos Senhor Secretário-Geral da ferrovia, à Colenda Assembleia Legislativa e ao Exmo. Governador do Estado, no sentido de ser reaberta a estação de SANTA CLARA e reconsiderada a supressão do tradicional ramal TRABIJU-DOURADO.
Nós, por nossa vez, sempre confiantes na justiça e na abnegação patriótica dos homens dos altos poderes públicos, desta tribuna publica, em nome de uma geração que desfraldou a bandeira ferroviária em 1900, pelo inolvidável CIRO MARCONDES REZENDE, por ele empunhada e levada, com a remoção de todos os obstáculos da própria natureza, por todos os recantos da velha e rica ZONA DOURADENSE, servida pelos trilhos da ferrovia que construiu - COMPANHIA ESTRADA DE FERRO DO DOURADO - em que ela alteia hoje e arreia aqui, no seu berço, esperamos dos braços fortes, amparo aos povos enfraquecidos, de SANTA CLARA e de DOURADO.
 
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Crônica da Cidade

QUEM te viu, DOURADO, a cidade do carnaval, com tuas ruas e teus salões de baile forrados de serpentinas e confeti, em rio de lança-perfume, com teus carros alegóricos, os mais caprichosos e sugestivos, com teus foliões privilegiados, atraindo turistas para assisti-lo, nos tempos de ANTONINHO JACOBUCCI, seu entusiasta organizador...
Quem te viu, DOURADO, no dia 13 de maio, a libertação dos escravos, comemorada rumorosa e festivamente com o samba do velho MATHEUS, anualmente, na praça publica, hoje residência paroquial. Nas datas nacionais, no jardim da matriz, repleto de gente, ouvindo a palavra do farmacêutico MANOEL R. ARAUJO, entusiasta e empolgador das arrancadas cívicas...
Quem te vê, DOURADO, hoje, na curva da ferrovia do Dr. MAXIMILIANO REZENDE, numa cruz de braços abertos(Foto 2), recorda a morte trágica do príncipe do teu Carnaval, ANTONINHO JACOBUCCI, sem a mesma pompa, sem o mesmo entusiasmo, sem a mesma significação dos dias consagrados ao Rei Momo, reduzido ao baile de salão.
Foto 2-ANTONIO JACOBUCCI
+22/08/1923
 
Quem te vê, DOURADO, hoje, com o dever cívico da tua gente, completamente relegado ao abandono, nas praças públicas, nas escolas, nas repartições municipais, em datas nacionais, as lembranças da saudosa e triste recordação, são profundamente penosas, a todos que aqui vivem estes dias, principalmente, àqueles que têm às costas o peso da responsabilidade e de culpabilidade.
Diante dessa fisionomia fiel de regresso de DOURADO, se os vossos saudosos antepassados pudessem falar, como falam deles, os seus trabalhos, por toda parte, falariam aos seus filhos, netos, bisnetos e concidadãos: "Não é essa a cidade que ideamos e fizemos, de corda ao pescoço, amarrada por vocês mesmos".
Acrescentamos-lhes: Embora tarde, é tempo de despertar-se da indolência e lutar-se com firmeza e decisão, por DOURADO, com DOURADO e pela DOURADO, cidade que nasceu, cresceu entre boas cidades da hinterlandia paulista, na ZONA DOURADENSE, hoje, demagogicamente sacrificada em extremo. - A.
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Novo Coral da Matriz
A nossa Matriz, na pessoa do guia espiritual do Município, Rev. Padre MARTINHO, está de parabéns com o novo coral, regido pela Exma. Sra. LUCIA ALVARENGA, funcionária pública aposentada.
JORNAL DE DOURADO deseja sinceramente, que o novo coral colha os louros de repetidas vitórias, enriquecendo de encantados hinos as preces dos douradenses ao Altíssimo, para que proteja e eleve sempre, com suas graças, a terra em que vivemos.
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PRETO NO BRANCO
Por CAFÉ
DOURADO CLUBE
Os elementos escolhidos para reger o destino daquele clube, vão de "VENTO EM POPA".
Em suas realizações, nota-se que em poucos dias já remodelaram sua sede, além de conseguir, com suas simpatias, mais de trinta associados para seu quadro social. A prova é que já há muitos anos, não se via um baile tão concorrido como o realizado em 21 de dezembro p.p.
Parabéns
TRANSITO
Merece elogios a atitude tomada pelo Sr. Prefeito Municipal em colocar no trajeto da Rua Demétrio Calfat, frente ao CINE SÃO PAULO, uma única mão de estacionamento. Pois difícil tornava-se o transito aos veículos naquele setor, e mesmo aos habitueés daquela casa de espetáculos.
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ELIAS MALUF,  Pioneiro da Industria de DOURADO
Num pedaço de terra santa, sobre as cinzas dos mortos do passado, bem distante dos dias que correm, o Sr. ELIAS MALUF, ao deixar a administração do Município, com grandes feitos, entendo, em boa hora, que DOURADO precisava retomar o caminho que a fará ascender ao destino que lhe compete, despertando-se da longa modorra, distendendo os membros entorpecidos, experimentando a rijeza dos músculos, com desassombro, trabalho abnegado, se poz em marcha, afastando todos os obstáculos que se lhe antepuseram, passo a passo, em 6 anos, construiu maravilhoso monumento industrial COTONOFICIO SANTO IGNACIO SOCIEDADE ANONIMA.
A sua tarefa pioneira, foi árdua, mas foi a salvação e é a vida de DOURADO.
 
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Novo ponto da JAUENSE
Inaugurou-se quinta-feira ultima, o novo ponto de ônibus da VIAÇÃO JAUENSE.
Do HOTEL RECREIO, no Largo Alfredo Araújo, o ponto foi transferido para o novo local à Rua 15 de Novembro no prédio em que funciona também o posto telefônico.
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O QUE FOI DOURADO NO PASSADO
E O QUE É NA ATUALIDADE
DOURADO, pelos seus homens do passado, dentro do elevado espirito de progresso e de trabalho, tornou-se a melhor cidade da ZONA DOURADENSE, pelo seu comércio, pelas suas pequenas industrias e pela sua população.
Berço da ESTRADA DE FERRO DOURADENSE, fundada por CIRO MARCONDES REZENDE, caminha sempre como viveram seus velhos construtores, na longa estrada do progresso.
Era a cidade admirada.
Possuiu 5 farmácias, 4 clínicos, 5 dentistas, 2 bandas de musica, 2 cinemas, uma orquestra afamada, 3 jornais hebdomadários, 3 clubes recreativos e outros melhoramentos relacionados com o seu desenvolvimento.
A luta política sempre existiu, como era natural.
Mas, sobrepondo-se às lutas estéreis, os homens do passado, mortos do presente, tiveram sempre em mira os superiores interesses do Município, pela cooperação e pelos esforços sinceros de todos, para que se ultimasse, num ambiente de tranquilidade e de confiança a grande obra municipal.
Posteriormente, estamos nós, hoje, sem nada ou pouco do legado, em situação de desprestigio e de isolamento.
Espessa atmosfera de indiferentismo, separa as forças vivas do Município.
O Comércio e a Lavoura lutam com dificuldades estão com as industrias de vassouras e móveis que nos restam.
No cemitério velho, está o monumental Cotonifício Santo Ignácio S.A., indicando, como acertadamente dizia o sr. ELIAS MALUF, que a reação virá pela elevação do poder aquisitivo dos trabalhadores, para acomodação do desassossego, contra a afoiteza dos ambiciosos, fator de perturbação e desentendimentos explorados em proveito de enriquecimento próprios ou de grupos.
Não haja, pois, a menor dúvida que da nossa lamentável situação demográfica-econômico-financeira, só encontraremos salvação na industrialização da cidade.
É para as indústrias que os poderes governamentais precisam voltar os seus esforços.
Uma cidade, por mais dividida que ela seja politicamente, se ela tem o culto das suas tradições, o amor à sua história, encontrará, inevitavelmente, a sua unidade.
Os homens de bem de DOURADO, sei que existiram  e onde estão, não têm o direito de assistir, de braços cruzados, ao desaparecimento dos traços inapagáveis dos seus antepassados.
Esta terra foi teatro de um esforço colossal de progresso, que é preciso encontrar sempre, corações douradenses para compreendê-lo e para amá-lo, na sua vida perturbada pelas lutas de partidarismo extremado, egoísta e dispersivo.
Levantem, ó homens de bem de DOURADO - levantem da fortaleza dos homens do passado, compostos com os vestidos da glória!
Levantem, pela recuperação do legado deixado pelos que hoje são mortos.
O Município deve ser forte e respeitado.
ADELINO FRANCO
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Tesouraria Municipal
Assumiu o cargo de tesoureiro da Prefeitura Municipal em substituição ao efetivo licenciado, dia 1º  do corrente, o Sr. JOÃO BAPTISTA MODESTO DE ABREU.
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Notas Sociais
ENLACE ENÉAS-IZOLETE
Realizou-se quinta-feira, no civil e religioso, o enlace matrimonial do ENÉAS GONÇALVES, com a Srta. IZOLETE MIRANDA.
FÉRIAS
Encontram-se na cidade, em gozo de férias escolares, as senhoritas APARECIDA e MARLENE VALENTE, estudantes em Campinas e Marilia, respectivamente.
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Informações: ADELINO FRANCO
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ARQUIVO: CASA DOS PAPÉIS
 

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