domingo, 9 de abril de 2017

CASA DOS PAPÉIS-14 : GRANDE CONFLICTO - 1918


GRANDE CONFLICTO

Tiroteio entre a policia e 10 indivíduos, morte de 2 agressores, ferimentos leves em particulares, diversos tiros de revolver.
A policia reage admiravelmente. Prisão de 2 turbulentos. Particulares a favor da policia. Fuga dos aggressores. Morte de um cavallo. Um aggressor tenta entrar a cavalo em uma casa de família. Chegada do Dr. Delegado, medido legista e escrivão de policia de Araraquara. Reforço para o destacamento local. Autopsia.
 
A nossa reportagem
 
Sem argumento e nem espalhafacto, vamos narrar nestas linhas um grande accidente que tivemos occasião de presenciar  no dia 24 de junho as 19 horas mais ou menos.
Logo apóz terminada a novena da festa de São João, deu-se inicio ao leilão, que corria na maior harmonia e completa alegria.
Ao lado do coreto do leilão, ao pé da cadeia publica, iniciava-se uma briga entre os indivíduos: Domingos Paixão, José Antônio da Silva, Francisco Cezarino da Silva, Candido Antônio da Silva, Joaquim Antônio da Silva, João Rother, Pedro Ulysses da Silva e Bráulio de Tal.
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Domingos Paixão, foi a victima, que vendo-se cercado e ameaçado a morte, correu para dentro da casa do snr. Eugenio de Oliveira, depois de ter recebido uma pancada na cabeça.
Ao entrar na referida casa, um dos indivíduos perseguiu-o querendo-o esfaquear, mas este escondeu-se.
Nessa occasião uma das filhas do snr. Eugenio suplicou ao individuo que não matasse aquelle, este não respondeu e apontando a arma para o lado da pobre moça tentou atiral-a.
Nesse grande barulho, correram chamar a policia, esta accudiu immediatamente sem saber ao certo do que se tratava.
Chegada para perto do individuo, que procurava esfaquear Domingos Paixão, foi recebido por 2 tiros, mas o aggressor foi infeliz no seu alvo, pois ambos os tiros negaram fogo.
O soldado vendo o perigo em que se achava correu para o quartel e armando-se, veio novamente cumprir sua obrigação, quando nessa occasião um dos indivíduos a cavalo tentava entrar com o mesmo dentro da casa do snr. Eugenio de Oliveira, cuja porta estava fechada, mas não impediu que assim mesmo o aggressor puzesse o cavallo de encontro a mesma com o fim de arrombal-a.  
Nesse momento reunidos os 3 militares, actualmente se achavam nesta cidade, afim de prenderem os aggressores, foram recebidos à bala.
Estes vendo o perigo que corriam e de todas as pessoas presentes, que não era pequeno o numero dellas, pois era dia de festa.
Os militares com muita calma bradaram em direcção das pessoas presentes se retirasse e que iam fazer fogo.
Os soldados de joelhos para que as balas não pegasse em nenhum particular, faziam fogo contra os aggressores, que a cavallo, também desfechavam balas.
Diversos particulares tambem fizeram fogo contra os aggressores, os quaes ignoramos os nomes.
Depois de alguns minutos emquanto a policia perseguia os fugitivos, viu-se cahido sobre a calçada dois indivíduos.
A policia juntamente com particulares, ainda conseguiram prender Luiz Lindolpho da Silva, que na sua fuga, o seu cavallo recebeu uma bala, o seu dono se atirou por terra, sendo assim, seguro pelo snr. João Francisco Cezar, que muito ajudou a nossa policia.
Esse mesmo individuo recolhido no xadrez, e seus dois irmãos, José Antônio da Silva e Francisco Cezarino da Silva eram as victimas que se achavam mortas no mesmo quartel.
Também são irmãos dos mortos os fugitivos Candido Antônio da Silva e Joaquim Antônio da Silva.
Eram todos os 5 irmãos residentes no Gramado município de Brotas e actualmente trabalhavam na fazenda do snr. Antônio Augusto de Abreu, município de Ribeirão Bonito.
Segundo estamos informados os 2 indivíduos que falamos acima acham-se feridos e refugiados.
- Foram victimas de algumas balas de revolver algumas pessoas que se achavam na occasião do conflicto, mas felizmente os ferimentos são leves, não havendo perigo.
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Quarta feira, chegaram a esta cidade, vindo de Araraquara, afim de syndicarem do facto, e fazer autopsia, o Delegado Regional Dr. Andrelino de Assis, o medico legista, Dr. José de Campos Almeida e o escrivão, sr. Jordão Correia da Silva.
Também chegaram 6 praças para reforçar o destacamento local.
As 14 1/2 horas, foram transportados para o necrotério municipal os cadáveres e alli feito a autopsia pelo medico legista, ajudado pelo farmacêutico Eloy Braga, presentes as autoridades de Araraquara e desta cidade.
Depois de terminada a autopsia, ficou provado ter sido um dos indivíduos morto por bala de revolver e outro por bala de carabina.
Para averiguações ficaram presos os snrs. João Rother e Joaquim Antônio da Silva.
Para Araraquara regressaram hontem os snrs. Dr. Andrelino de Assis, Delegado Regional, Dr. José de Campos de Almeida, medico legista e o escrivão, sr. Jordão Correia da Silva.
Seguiram no mesmo dia para Araraquara os 6 praças que tinham vindo para reforçar o destacamento local, por não haver mais necessidade dos mesmos.
Lamentamos este grande accidente, pois veio dar termo aos festejos de São João, que corriam animadamente e na maior harmonia. 

 
 Foto da Festa na praça, sem data, provavelmente da mesma época.

O POPULAR-Nº276-ANNO VI-DOURADO, 29 DE JUNHO DE 1918
JORNAL: LUCIANO e IVAN ARAUJO MIRANDA
FOTO: ATILIO JACOBUCCI
CONFLITO: O caso dos cinco irmãos nordestinos
RESIDENCIA INVADIDA: Eugenio de Oliveira, hoje Padaria Francesa
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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