sexta-feira, 3 de agosto de 2018

CASA DOS PAPÉIS-140: JOSÉ FRANCISCO VERNALIA - 2


R E D U T O

Ignora! Soldados seguram-lhe os braços
Mudos, solenes, apáticos, a rápidos passos
conduzem-no a uma doce insular cela
onde reverbera a intensa luz duma vela
A conduta proba por ele
agora zela
Apesar de latente solidão que o esfacela!
Das frias paredes brotam sublimes mormaços
Que lhe resumem os extensos espaços
Do cárcere uma violenta convicção se aflora
O prisioneiro suspira por continuar trancafiado
e recusa inúteis palavras
portadoras de sua liberdade
Vislumbrar o longo e incerto desenlace o devora!
O edifício que o enclausura desvanece acelerado
ou firma-se sobre rochas
avançando à eternidade.
 
JOSÉ FRANCISCO VERNALIA
JORNAL DE DOURADO-Nº264-ANO VI-DOMINGO, 03 DE MARÇO DE 1968

ARQUIVO: CASA DOS PAPÉIS

2 comentários:

  1. Essa poesia "Reduto" foi inspirada em "amor passageiro" que tive por uma garota de Atibaia, chamada Ivani Santana. Foi uma conversa das dez da noite até umas quatro horas da manhã, na casa de minha tia Vera, em Campinas. E foi só naquela noite. Depois, de fevereiro de 1967 até dezembro desse mesmo ano fui escrevendo cartas, semanalmente, e recebendo respostas. Aí, tudo terminou, mas junto a uma das cartas recebi uma foto dela, que guardei até 1970, quando minha namorada Neide Mari viu a foto e a rasgou.

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