terça-feira, 8 de janeiro de 2019

CASA DOS PAPÉIS-174: A UNIÃO - NUMERO 2



ONTEM  E  OJE
ADELINO FRANCO
Lançando-se um rápido olhar ao passado, buscando-se para objetivo de um artigo os traços biográficos da <<ESTRADA DOURADO>>, nos saudosos dias que se perderam na penumbra dos anos, revivendo-se intensa ajitação comercial de então, colhemos cousas preciosíssimas que, dar-nos-iam até, uma grossa brochura se fôramos ao ponto de compilar tudo o que se desenrolou no seu cenário, tudo o que se relaciona com o seu progresso de oje.
Entretanto, vamos somente relembrar os seus capítulos mais simples pelos quais o leitor arguto poderá depreender do que são os outros, recamados das atividades dinâmicas dos chefes do passado.
A <<DOURADO>> em 1915.
Máu grado a conflagração Européa, a vida da ESTRADA éra de vigorosa ascenção.
Os trens rodavam sobre os trilhos com composições extraordinárias.
As zonas a que até oje serve estavam no auje da prosperidade. De Ribeirão Bonito à Bariri dominava nos seus pontos mais longínquos o ouro verde, num movimento, quais ondas marítimas, proporcionando aos viajantes que das janelas dos carros contemplavam a majestade da natureza e o trabalho humano, um espetáculo simplesmente deslumbrante. Em toas as estações notavam-se a alegria e o bem estar. A curiosidade ainda viva dos homens do sertão buscava em cada trem que passava, o motivo, a razão de ser do seu monstro poder de rodar, de correr vertiginosamente sobre o aço paralelo e sem fim. E quando o estridulo apito da maquina sete suava em meio dos cafesáis, os colonos deixavam o seu bendito labor para contempla-la no seu fusilado corre, deixando para trás o signal da velocidade por uma nuvem de pó. Era o encantamento. Era a portadora da civilisação que se afundava sertão adentro, qual foguete colorido a anunciar os dias festivos nas noites de S. João.
DOURADO. Cidadezinha dos épicos feitos. Toda a sua poesia de então, se constituía do seu trensinho de 0,60mm., formidável precursor do progresso da ESTRADA.
Com uma rabada de carros, ele dali partia e zig-zagueando os contornos da montanha numa corrida patética, demandava logo TRABIJÚ. A então baldeação vivia hora alegres. A meninada garrula ( o Aleixo também) fazia uma festa no afan de transportar as malas dos viajantes dos carros da bitola estreita para os carros da bitola larga, 20 minutos de ajitação.
De quando em vês, se ouvia na confusão de vozes, a vóz altissonante e imperativa de um chefe cuja memoria é até agora cultuada, que dizia: Oh! mocinho... faça isto!, faça aquilo!...  
***
A campainha da estação suava o embarque. Primeiro, o guarda do lendário PB1, dava o apito (único) e o comboio partia. Em seguida o guarda do P.1, fazia o mesmo. O trensito saía. A gente que ficava em TRABIJÚ, postava-se na plataforma da estação para contemplá-lo, até se perder de vista lá longe onde os trilhos se confundem com o orisonte. A maquina ia bufando. Boa Esperança. Java. Ponte Alta. Gavião Peixoto. Paulicéa. Nova Europa. Tabatinga. Anoitece. O trem contnua a marcha. Depois de rodar 40 minutos, vê-se ao longe um grupo de luzes pequeninas que aparece. Mais uns metros e chegava-se à Ibitinga. Hotel Deri!... Hotel Zuqui!...Um carro, cavalheiro!... Troli!... Era o vozerio dos que esperavam o trem. Curioso. Todos os veículos saiam apinhados. Bons tempos.
***
De Tabatinga a majestosa Itápolis, viajava-se pelo M.1, um quasi noturno que fazia o longo percurso com os carros sempre atopetados.  
Oje. Tudo se mudou. Ao em vês dos trens de bitola de 0,60mm. que cortavam aquela riquíssima zona de matas seculares, cujos troncos vetustos deslumbravam os viajantes, deslisam-se sobre os trilhos, de DOURADO à IBITINGA-ITAPOLIS, possantes locomotivas desafiando distancias e lotação. Novas estações foram construídas. Outro progresso. Outra vida.
Daquela época à dos dias que correm, a CIA. ESTRADA DE FERRO DO DOURADO, passou pelas mais radicais e uteis transformações. O espirito renovador e progressista dos chefes que se foram sucedendo, deu ao ritmo da ESTRADA, um quê de grandioso, que a coloca oje em plano admirável. Muito embora a crise que atravessamos a tenha prejudicada de rijo, ela se mantêm firme, vencendo todos os obstáculos que se lhe têm apresentado.
Caminhamos sempre para a frente, resolvendo os problemas urgentes e uteis a empresa a que servimos há de se tornar ainda, uma das mais invejadas ferrovias do glorioso Estado de São Paulo.  
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CONVESCOTE
Promovido pelo sr. JOÃO CUNHA  e senhorita CLARA MARTINS, realisou-se no domingo ultimo, em a fazenda "São José", deste município, de propriedade do sr. JOSÉ JACOBUCCI, um esplendido convescote, em o qual tomaram parte a fina elite ferroviária e douradense. 
Os convescotistas partiram desta cidade à 8 horas da manhã em confortáveis automóveis para aquele aprazível sitio. Em ali chegando organisaram as mais variadas e agradabilíssimas brincadeiras. Em a residência do sr. JACOBUCCI, ao son de ótima vitrola teve logar um pequeno baile que se primou pela sem igual camaradagem dos presentes.
Entre muitas pessoas que ali se encontravam notamos as seguintes: JOSÉ MARTINS JUNIOR, ANTONIO D'ANGELO, DOMINGOS FRONTEIRA, OSVALDO PLACERES, RAUL CUNHA, JOSÉ PLACERES, DUVILIO GRATÃO, JOSÉ PIZANI, NELSON PLACERES, SILVIO PLACERES, NADIR GRATÃO, MERCEDES FATORE, LUIZ SCIARRETA, SANTA FATORE, ALDACINHA CAMINHAS, DURUINA GRATÃO e LEONOR PLACERES.
Desta elegante escursão festiva todos os que nela tomaram parte guardam indeléveis recordações.
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DIVERSÕES
Teatro C. Gomes
Oje no Teatro C. Gomes, será exibido o monumental filme sonoro, da UFA, "O YATE DOS 7 PECADOS", com a sedutora Brigitt Helm.
Trabalho de intensa emoção fadado a um sucesso sem igual.
Dia 24 - "Azas Gloriosas" com Ramon Navaro.
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A UNIÃO-NUMERO 2-ANO I- 18 DE OUTUBRO DE 1931
ARQUIVO:CASA DOS PAPÉIS/FAMILIA GAUDENCIO DEL CIEL
  

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