quinta-feira, 23 de março de 2017

CASA DOS PAPÉIS - 07 - OS BARÕES DE DOURADO



OS BARÕES DE DOURADO

A história de Dourado tem o testemunho vivo e lúcido de Dona Cecilia de Barros Pereira de Souza Braga, que tem o testemunho de vários parentes vivos e desaparecidos da saga que construiu o município. O surgimento da cidade, misturando às lembranças de sua infância; sua descendência e onde a história de Dourado se entrelaça com sua biografia estão sendo contados, a partir de hoje, com o titulo acima.
No livro recém publicado "Uma Menina Paulista" cujo exemplar foi oferecido a esta Folha, sua autora Heloísa Motta narra o seguinte: que no dia 24 de abril de 1863 houve o casamento das duas filhas mais moças do Visconde de Rio Claro, pois o tronco da família se encontrava na Fazenda São José naquela cidade.
Uma, a  nossa avó Maria Joaquina, casava-se com o 2º Barão de Piracicaba e foram residir onde hoje se encontra o Horto Florestal da Companhia Paulista em Rio Claro e a outra, Anna Carolina casava-se com o Conde do Pinhal, Antônio Carlos de Arruda Botelho, viúvo, tendo um único filhinho, o futuro Senador Carlos José Botelho
Ambas partiam ao que lhes estavam destinado, montando cavalos e levando os enxovais em carros de bois!!!
Entretanto, onde se encontrava uma das irmãs mais velhas, AMÁLIA CAROLINA? Acreditem; aqui em Dourado, muito bem instalada em sua fazenda na baixada de Trabijú.
AMÁLIA CAROLINA casara-se com JOSÉ LUÍS BORGES DE ALMEDIA, o futuro BARÃO DE DOURADO, a 13 de agosto de 1847. Desconhece se as terras foram adquiridas ou favorecidas por efeito de Sesmaria, uma vez que era ele possuidor de dinheiro e escravos. Iniciando a propriedade na baixada do Serrote, estendendo-se pelo Vale do Trabijú, subindo a encosta da Serra do Dourado, atravessando o Ribeirão Vermelho, abrangendo a parte mais alta da Serra onde se localiza a Vila Santa Clara e terras além. Em razão dessa imensa propriedade "cultivada" vieram a ser agraciados com o título de " BARÕES DE DOURADO " por Decreto Imperial de 13 de agosto de 1889. Foi por essa ocasião que construíram o imponente palacete em Rio Claro que lá ainda se encontra para testemunhar a opulência, funcionando como Museu Histórico de Rio Claro.
JOSÉ LUIS BORGES DE ALMEIDA, filho de Luís Borges de Almeida e de Maria Joaquina de Jesus.
AMÁLIA CAROLINA DE MELLO OLIVEIRA, filha dos Visconde de Rio Claro, irmã portanto de minha avó materna.
Desse casamento houveram onze filhos: Eulália, Olympia, José Luís, Júlia, Maria Isabel, Elisa, Adelaide, Carlota, Ernesto, Luís Carlos e João Batista.
Ao falecer deixaram como herança uma gleba já formada a cada filho. Destacarei o seguinte: conheci o ERNESTO, proprietário da Usina do Serrote, onde havia um grande alambique e parada de trem pois iniciara plantações de cana e ali trabalhava na sua fabricação. Situava-se ao lado do Obelisco e eu em criança o temia em razão do seu tamanho: além da estatura muita elevada possuía um vozeirão. A prima ISABEL residia na fazenda Babilônia. Lembro-me apenas da bonita sala de visitas com seu mobiliário em estilo Dona Maria I. O nosso grande amigo era João Batista. Ele e minha mãe foram criados como quase irmãos e possuíam o mesmo gosto: a grande paixão era a pescaria. Que Tempos!! JOÃO herdara a Fazenda Santa Elisa, sob cujas mangueiras, hoje pertence ao casal Flavio e Wilma Penteado Ferreira. Desse ramo da família não conheci outros primos de mamãe, mas citarei OLYMPIA que casou-se com seu próprio tio Eduardo Augusto e tiveram nove filhos. Residiram por longos anos num casarão de Rio Claro, onde hoje funciona o Colégio Bilac. JOSÉ LUIZ casado com Ana E. do Amaral pertencente a família muito abastada, cuja capela atesta o seu luxo e bom gosto. Felizmente a gleba que lhe foi destinada, Fazenda São José, possui proprietários que são verdadeiros continuadores da mesma grandiosidade e finura: casal Alice e Paul Haelhing. Citarei também LUIZ CARLOS casado igualmente com uma sobrinha, Maria Elisa. Esses, porém, não tiveram filhos. Desejei citá-los  por dois motivos: 1º) A sua fazenda, a Santo Antônio, pertenceu por muitos anos ao meu cunhado Jorge dias de Aguiar, ali cresceram os meus sobrinhos, Jorge, Pedroca e Maria Beatrys de saudosa memória... 2º) Li algo sobre Luiz Carlos de Oliveira Borges: ele possuía o melhor coração que uma pessoa possa tê-lo. Talvez pela frustação de não possuir filhos ou pela nobreza de caráter: quase todo dinheiro que lhe renderam os primeiros pés de café foi destinado aos pobres e doentes.
Enche-me de satisfação saber que tenho amigos que lêem com carinho o que escrevo sobre essa terra, compreendo que eu também a amo.


BARÕES DE DOURADO








JOSÉ LUIS BORGES DE ALMEIDA










AMÁLIA CAROLINA DE MELLO OLIVEIRA






















    Texto e Fotos de:


    CECILIA DE BARROS PEREIRA DE SOUZA BRAGA
 
Folha de Dourado Nº82(15/01/93), Nº84(22/01/93) e Nº85(29/01/93).    




















 

Um comentário:

  1. Bom dia. Sou sobrinho-neto de Guiomar de Oliveira Borges, neta dos Barões de Dourado. Ela casou-se com Estácio da Costa Santos, irmão da minha avó Jandyra, com família constituída em Jundiaí. Tenho escassas informações adicionais.

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